quinta-feira, 10 de julho de 2008

Empreendedorismo Social

A Experiência de John Wood
Simone Amorim*

A formulação mais simples do que seja comportamento empreendedor talvez seja a daquela pessoa que míope diante das dificuldades práticas de realização de um projeto (ou um sonho) mantém-se hipnotizada pela visão das realizações potenciais de suas idéias. Empreendedor é alguém que sabe exatamente o que quer e considera as dificuldades a serem enfrentadas como meros detalhes do percurso.

O americano John Wood é um exemplo típico do que atualmente se denomina empreendedor social. Ex-Diretor de MKT para a região da Ásia, na Microsoft, muito bem-sucedido já aos 35 anos e com carreira executiva bastante promissora, decide largar tudo para ajudar crianças carentes a ler e escrever em países pobres como Nepal, Camboja, Vietnã, Laos, Sri Lanka e Índia.

Funda em 2000 a Room to Read [1], uma ONG cuja missão é promover educação de qualidade para crianças dos países pobres onde atua, implantando bibliotecas, salas de informática, editando literatura infantil em língua nativa e patrocinando bolsas de estudo para meninas carentes.

Tudo começou depois de uma viagem de férias ao Nepal, oportunidade em que visita uma escola local, cuja biblioteca contava com não mais que 20 exemplares de livros em precárias condições deixados por turistas com os mais variados gostos literários (e idiomas), dada a diversidade e inadequação do acervo. Lembra-se da sua infância diametralmente oposta a essa circunstância e pensa na fatalidade que de antemão determina a realidade das centenas de crianças do Nepal.


A bem contada história do executivo que largou tudo para mudar o mundo ajudando crianças carentes a ler e escrever, pode ser lida no livro “Saí da Microsoft para mudar o mundo: A história de um empreendedor social e sua missão de ajudar crianças carentes a ler e escrever”, de John Wood, publicado no Brasil pela Editora Sextante. É claro que John jamais perde o perfil empreendedor característico do alto executivo da Microsoft. Demonstrando com paixão que é possível associar foco nos resultados a uma missão social - o que no fim das contas é uma boa definição de Empreendedorismo Social.

Nota
[1] Endereço eletrônico: http://www.roomtoread.org/about/index.html

*Mestranda em “Bens Culturais e Projetos Sociais” no CPDOC – FGV, com pesquisa na área de Políticas Públicas do Livro e da Leitura no Brasil.

3 comentários:

Plurimus disse...

O empreendedorismo social pode ser uma importante iniciativa para a geração de emprego e renda. Ao desenvolver projetos sociais utilizando princípios de gestão adotados pelas empresas privadas se contribui para o aumento da eficiência e a melhoria da eficácia das ações. No entanto é importante que se tenha clareza de que a finalidade não é a competitividade no mercado e sim o impacto social positivo na comunidade abrangida pelo projeto. Logo, refletir sobre os indicadores que serão utilizados para medir o desempenho do projeto é fundamental para que se diferenciem os propósitos.
Daniel Roedel

Anônimo disse...

O empreendedorismo social alimenta a visão capitalista nas ações sociais. Isso pode ser perigoso para o cooperativismo.

Anônimo disse...

É bastante oportuna a chegada da visão empreendedora ao ambiente social. Até agora tem predominado uma grande quantidade de recursos com uma aplicação e administração bastante precários.