quinta-feira, 3 de julho de 2014

Sustentabilidade e competitividade

Empreendedorismo e sustentabilidade

Daniel Roedel

Vivemos numa época de intenso consumo estimulado por apelos da mídia, pela valorização do efêmero e pelo culto ao individualismo como caminho para o sucesso de pessoas e organizações. Numa perspectiva mais acirrada, isso conduz a uma redução do outro a mero instrumento do eu. E esse outro pode ser um indivíduo, um grupo social, uma sociedade, um país, a natureza, o Estado. Reduzidos a mero instrumento da insaciável satisfação de egos inflados valem enquanto cumprem o papel de proporcionar satisfação e sucesso no curto prazo a indivíduos e empresas vorazes e competitivas.

Mas essa busca contumaz tem produzido externalidades cada vez mais visíveis e difíceis de se ignorar. Hoje, já se percebem e evidenciam os custos socioambientais dessas práticas, bem como se constata que o processo é por excelência excludente. Afinal, não há natureza que se explore infinitamente com tal intensidade e nem competitividade que no outro extremo recompense o trabalho e proporcione a quem de fato produz a condição de usufruto tão valorizada pelo modo de vida hegemônico.

Ou seja, a sociedade de consumo não se universaliza! Mas pela ideologia dominante sempre teremos os vencedores e os perdedores, porém, sem nunca discutirmos as regras do jogo, dadas como naturais...

E como construir um outro modo possível de viver, produzir e usufruir se as décadas recentes têm sido marcadas por esse "pensamento único", que parece ter sido vitorioso com o sucesso do ideário liberal, radicalizado por um receituário neoliberal, frente ao que se disse ser sociedade fraterna e socialista e que, a despeito de conquistas, também produziu externalidades socioambientais negativas?

É possível aliarmos o desejo individual que encontra no mercado sua instável realização com um pensamento e uma prática que valorizem e reconheçam não só o direito coletivo, mas o acesso ao conjunto da população global ao produto do trabalho social? Como superar as assimetrias da atual correlação de forças e superar as externalidades negativas? Que tipo de consenso se pode construir? Há espaço para novas utopias ou seremos mesmo tragados pelo efêmero da denominada pós modernidade?

Novamente Marcelo Marujo, professor e pesquisador do tema da sustentabilidade, apresenta sua contribuição. Na obra Empreendedorismo e Sustentabilidade: responsividade às emergentes demandas socioambientais apresenta novos olhares sobre o tema e se propõe a identificar caminhos para se competir de modo sustentável. Pela trajetória do autor, já citado neste espaço em outra publicação sobre o tema vale a pena conferir. Sem desprezar o lado empreendedor, Marujo incentiva a que se perceba as vantagens competitivas de se obter resultados sustentáveis além do estritamente econômico. Procura contribuir para uma nova crença no indivíduo e na sociedade.

Vale a pena conferir!