quinta-feira, 31 de julho de 2008

Cultura

Carta Capital 30/07/2008
O que Gil deixará*

Ana Paula Sousa

Com Gilberto Gil, o ministério da Cultura começou a existir. Criada em 1985, a pasta, antes integrada à Educação, foi sempre uma espécie de patinho feio do governo. Para a sociedade, era uma entidade sem rosto e sem nome. Com Gil, escolhido no primeiro mandato do presidente Lula, a contragosto de petistas que haviam idealizado o programa cultural, essa história começou a mudar. Mudou a ponto de, cinco anos e meio depois, sua saída virar manchete.
Para fazer um balanço dessa gestão é possível seguir dois caminhos. Um, o dos detalhes, comportaria uma série de críticas a procedimentos administrativos, precipitação na divulgação de projetos ainda crus e idéias difusas que não encontraram lugar no mundo real. O segundo caminho para o balanço é olhar, historicamente, para o papel que Gil e sua equipe exerceram. E esse caminho me parece, neste primeiro momento, o mais adequado. O novo MinC não aceitou a miudeza a que esteve sempre relegado. Não conseguiu, até hoje, o aumento orçamentário que tão necessário se faz. Mas segue cutucando as áreas econômicas do governo com o pedido. Simbolicamente, para o País, isso significa dizer que a cultura é, também, uma questão de Estado. E não tem mesmo de ser? O MinC também chamou para si áreas que outros ministérios queriam, como a tevê pública, a questão dos direitos autorais e, até, o destino da verba de patrocínio das empresas estatais. Foram brigas compradas. Em algumas delas, Gil recebeu arranhões de amigos antigos, como Caetano Veloso. Não raro, a pasta foi acusada de autoritarismo. A atenção dada a manifestações marginais (de folclore a capoeira), que tanto irrita os bem instalados, gerou produtos, de vídeos a cds, que ajudam a construir a memória do Brasil. São ações pequenas, pouco visíveis, mas significativas num país em que a lógica da concentração de renda se espraia. A gestão de Gil foi, nesse sentido, ideológica. Ainda nas grandes questões, o que não se cumpriu foi a desde sempre prometida mudança na Lei Rouanet, o principal mecanismo de incentivo fiscal à cultura. Para isso, Gil não teve força. Recuou várias vezes. Com sua saída, deve ser tornar ainda mais difícil mexer nesse pote cheio de donos. Neste momento, mais do que apontar as falhas do MinC (que, por sinal, está com pilhas de projetos à espera de parecer e tem feito produtores perderem patrocínio), seria importante pensar sobre o papel empreendedor de Gil. Sobre a ousadia de tratar a cultura como algo fundamental para o desenvolvimento do País.
*Extraído de Carta Capital. Para ler a matéria completa clique em
Cultura

Educação Superior

Considerações sobre o Ensino Superior Privado
no Rio de Janeiro – parte I

Hiran Roedel*

Ao tecer considerações sobre o ensino superior do setor privado no Rio de Janeiro e/ou no Brasil devemos, para evitar pressupostos equivocados, identificar o perfil de classe dos gestores desses estabelecimentos de ensino: são homens de negócio, empresários e têm por objetivo central, a obtenção do lucro. Desse modo, podemos compreender que os propósitos desses gestores são sempre o processo ininterrupto de ampliação do capital investido, o que se viabiliza pela oferta de suas mercadorias (cursos) ao conjunto da população fora do acesso ao ensino superior “público”.

Outro aspecto importante e que não podemos desconsiderar, também, é que o capitalismo no Brasil assumiu, em suas várias fases de desenvolvimento, a posição de dependência em relação ao grande capital internacional. Diante disso, a fragilidade da acumulação de capitais dos homens de negócios brasileiros colocou como centro propulsor do desenvolvimento capitalista no país, o Estado. Este assumiu o papel da reordenação socioeconômica controlando, reprimindo e concedendo privilégios. Sob tais circunstâncias, o papel do Estado se tornou fundamental para a acumulação privada de capitais. Desse modo, fundam-se e são reforçadas as características do capitalismo burocrático no país – um capitalismo que se desenvolveu sustentado pelos negócios públicos – e cuja classe é amparada pelo Estado, dado o vínculo estreito que mantém com este se entrelaçando nos assuntos econômicos desse poder e, por isso, podendo transformar seus negócios privados em negócios do Estado.

Nesse caso, não são os projetos que importam, mas apenas regular o funcionamento da máquina estatal que deve permanecer obedecendo à tradição patrimonialista[1] da elite dirigente gerada pela classe economicamente dominante. Ou seja, o Estado é entendido como patrimônio, extensão dos negócios privados, e como tal se coloca a serviço de interesses dessa classe. Essas duas concepções: capitalismo burocrático e patrimonialismo se complementam e dificilmente se sustentariam isoladamente.

No que tange ao modelo de desenvolvimento econômico adotado pós 1964, cuja prática ditatorial lhe permitiu a elaboração sem a participação e pressão das amplas massas populares, mas sim ficando no restrito círculo empresarial e militar, incluiu-se uma nova relação com o capital internacional que colocava no jogo a necessidade da ampliação do mercado interno. Ou seja, atuando como extensão do modelo de desenvolvimento que marcou a década de 1950. Tal opção implicou na continuação da modernização do Estado e na oferta de mão-de-obra qualificada às novas demandas do mercado.

A falência desse modelo, no entanto, colocou em xeque a perspectiva, até certo ponto ilusória, de ascensão social das classes populares por meio da ampliação da oferta do ensino público. Essa ascensão se daria através de sua qualificação apropriada ao novo mercado de trabalho, sustentada pela inclusão do ensino
profissionalizante (Lei 5692/71) nos currículos de 2o grau (atual ensino médio).

Os investimentos em educação praticados pelo regime se encontravam sintonizados com as características do desenvolvimento do capitalismo brasileiro. Organizar o mercado interno atendendo às novas demandas dizia respeito tanto à ampliação do consumo quanto à qualificação da mão-de-obra entendidos, também nesse caso, como consumidores.

Cabe ressaltar ainda, que essas empresas de ensino somente puderam se expandir na brecha existente na LDB/1960 que permitia sua atuação onde o Estado se mostrasse ausente. Para tal atuação, sob o amparo do Estado que lhes concedeu títulos de instituições filantrópicas, é garantida a isenção de carga tributária.

Situação paradoxal era, portanto, o discurso proferido pelos empresários que começou a aflorar em meados da década de 1980, cuja estratégia consistia em se apresentarem como defensores da educação e da riqueza intelectual nacional, ocultando seu real objetivo: o lucro. Tal conjuntura se estendeu até fins dos anos 80, quando os projetos políticos em jogo ainda se sustentavam na defesa dos interesses nacionais. Era uma forma desses empresários sensibilizarem o conjunto da sociedade sobre suas aparentes preocupações e comprometimento com a formação das novas gerações.

A luta pela redemocratização política trouxe consigo a idéia de que o fim do regime militar possibilitaria a solução de todos os males do país, inclusive das mazelas da educação percebidas com a falência do modelo de desenvolvimento do regime. Essa linha de análise não levava em consideração, no entanto, o perfil da classe dominante brasileira em seu apego patrimonialista ao aparelho burocrático do Estado. Diante disso, o novo contexto correspondeu a uma simples re-acomodação das forças políticas que controlavam o Estado sem alteração em seu perfil de classe. Ou seja, o fim do regime autoritário não se apresentou como um caminho de redefinição no poder político e nem do perfil do Estado, permanecendo este, sim, nas mãos das mesmas oligarquias de sempre.

*Hiran Roedel é Diretor da Plurimus
Nota
[1] FAORO, Raymundo. Os donos do poder: formação do patronato político brasileiro, 10a ed. São Paulo: Globo, 1995.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Responsabilidade Social Empresarial

Cursos de Administração devem incluir
responsabilidade social no currículo*

A Associação Nacional dos Cursos de Graduação em Administração (ANGRAD) vai propor ao Conselho Nacional de Educação (CNE) a obrigatoriedade do ensino de responsabilidade social em todos os cursos de graduação em Administração do Brasil. O anúncio foi feito pelo presidente da entidade, Antônio de Araújo Freitas Júnior, na reunião da Comissão de Educação do Comitê Brasileiro do Pacto Global, no Global Forum América Latina, em Curitiba (PR).

"Podemos inserir nas diretrizes curriculares tornando obrigatório o ensino de responsabilidade social. Cada escola poderá escolher o seu programa. O objetivo é sinalizar de alguma forma no nível de graduação o ensino da responsabilidade social", afirmou Freitas, que é também diretor executivo da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Na visão do professor, o diálogo promovido no Global Forum é necessário. "Mas é preciso também tomar decisões concretas como a definição das diretrizes curriculares", disse.

Outra forma, segundo ele, é inserir no Enade (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes), promovido pelo Ministério da Educação para avaliar os cursos de graduação, questões que envolvam responsabilidade social. "A universidade brasileira tem um poder de adaptação muito rápido, mas ela precisa ser direcionada. Como todas as escolas querem ser bem avaliadas no Enade, elas adequarão suas grades curriculares", acredita, acrescentando que o Enade virou uma espécie de diretriz curricular.

De acordo com o presidente da ANGRAD, cada vez mais os alunos buscam esta disciplina nos cursos de Administração. "Empresas exportadoras exigem responsabilidade social, como também as listadas em bolsas de valores", informa.

Para um dos coordenadores da Comissão de Educação do Comitê Brasileiro do Pacto Global, professor Norman de Paula Arruda Filho, a iniciativa é muito importante. "É necessária, mas não é suficiente. Não basta a obrigatoriedade da inclusão de uma disciplina. Tão importante quanto isso é a necessidade de sensibilizar professores, coordenadores e alunos sobre esta visão e fazer com que isso seja um processo de aprendizagem", opinou ele, que é superintendente do ISAE/FGV.

Na reunião da Comissão de Educação foram apresentadas as normas definidas pelas Nações Unidas para implantar conhecimento em responsabilidade social em todos os tipos de escola mas, especialmente, nos cursos de graduação em Administração.

Fonte: Informativo Mapa do 3º Setor - Edição nº 42 - Julho 2008

*Extraído do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Econômico e Social - IBDES. Para ler a matéria completa clique em IBDES

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Tendências

Construir outro mundo, em meio à tempestade*

Immanuel Wallerstein

No momento em que nos aproximamos da próxima década, é possível antecipar grande turbulência em duas frentes – a arena geopolítica e a economia mundial, com o relativo declínio do poder geopolítico norte-americano, agora percebido por quase todos, e que nem mesmo um Obama presidente será capaz de reverter.
Estamos caminhando para um mundo verdadeiramente multipolar, em que o poder de Estados relativamente fracos tornou-se subitamente muito maior. O Oriente Médio atual é um exemplo. A Turquia agencia a retomada de negociações entre Síria e Israel, congeladas há muito. A Autoridade Palestina retomou negociações com o Hamas. E o governo paquistanês entrou numa trégua de fato com o Taliban nas zonas fronteiriças ao Afeganistão. O significativo destas estas ações é que os Estados Unidos se opuseram a todas elas e foram simplesmente ignorados – sem nenhuma conseqüência séria para qualquer dos atores.

Além os EUA, União Européia e Japão há agora a Rússia, China, Índia, Irã, Brasil – como líder presumido do bloco sul-americano – e África do Sul – líder presumido do bloco sul-africano.


Há um imenso terreno para alianças, com debates internos sobre parceiros ideais e ampla incerteza sobre o que decidirão. A situação geopolítica é claramente distinta de todas que o mundo viveu há um bom tempo. Não é a anarquia total, mas certamente desordem geopolítica maciça.


Esta desordem geopolítica está acompanhada por incertezas agudas sobre a economia mundial. Há, antes de mais nada, o tema das moedas. Vivemos, pelo menos desde 1945, num mundo estabilizado pelo dólar. O declínio dos Estados Unidos, em particular como locus dominante da produção mundial, combinado com a ultra-expansão de sua dívida, causou um sério declínio do dólar, cujo patamar final ainda é obscuro, mas será provavelmente inferior ao atual.


O dólar poderá ser substituído como reserva monetária mundial? O candidato óbvio é o euro. Mas não se sabe ainda se ele poderá cumprir este papel, ou se os governos europeus estão dispostos a promovê-lo a tal condição – embora não seja impossível que o processo os atropele.


Muitos países grandes viveram amplo aumento tanto de produção quanto nos níveis de consumo. BRIC – Brasil, Rússia, Índia e China – abrigam cerca de 60% da população mundial. Alguma coisa vai acontecer. Pode haver uma grande onda mundial de inflação, se os preços de todas as commodities continuarem a disparar, alimentados pelo crescimento da demanda e pela especulação. Uma conseqüência não-descartável seria o protecionismo maciço: governos limitando fortemente as exportações, para proteger seu abastecimento interno.


As experiências anteriores mostram que isso pode criar círculos viciosos erráticos. Ou pode haver enormes desabastecimentos localizados, resultando em altos índices de mortalidade e sérias catástrofes ambientais.


Os governos atingidos por quedas na receita, e pressionados a não compensá-las via aumentos de tributos, poderiam cortar despesas nas áreas-chaves de Educação, Saúde e Previdência. Mas são terrenos que, como parte da democratização do mundo nos dois últimos séculos, transformaram-se nas expectativas mais importantes das sociedades em relação a seus governos. Dirigentes incapazes de assegurar a manutenção destas três formas de redistribuição social da riqueza perderiam legitimidade abruptamente, com resultados incertos em termos de levantes civis.


Na batalha entre esquerda e direita, a primeira viveu um ascenso vertiginoso nos últimos duzentos anos – especialmente no século 20. A esquerda mobilizou apoio em grande escala e com muita eficácia. Houve um momento, no pós-II Guerra, em que isso parecia ocorrer em toda parte e de todas as maneiras.


Então, vieram as grandes desilusões. Os Estados onde os movimentos anti-sistêmicos chegaram ao poder, de uma ou de outra maneira, estiveram na prática muito distantes daquilo que as forças populares esperavam deles. E a irreversibilidade destes regimes mostrou-se outra ilusão. No início dos anos 90, todo o triunfalismo da esquerda mundial tinha sido varrido – e substituído por uma letargia generalizada, freqüentemente uma sensação de fracasso.


Porém como sabemos, o sentimento de vitória da direita evaporou-se igualmente – de modo ainda mais espetacular quando afundou a aposta dos neoconservadores, que apostavam numa permanente dominação imperial norte-americana. Da rebelião zapatista em 1994 aos protestos bem-sucedidos que inviabilizaram a reunião da OMC em Seattle, em 1999, e à fundação do Fórum Social Mundial (FSM), em 2001, em Porto Alegre, uma esquerda reacesa e transformada emergiu na cena mundial.


Vivemos num ambiente mundial caótico e é difícil enxergar com clareza. É mais ou menos como tentar seguir adiante numa grande tempestade de neve. Os que quiserem sobreviver precisam examinar tanto a bússola — para saber em que direção caminhar — quanto o terreno alguns centímetros à frente – para não despencar em algum precipício. Debatamos o rumo da bússola, ignorando os Estados e os objetivos nacionais. Assumamos, porém compromissos com ambos no curto prazo, para evitar os abismos. Desse modo, teremos uma chance de sobrevivência, uma chance de construir o outro mundo possível.


*Publicado originalmente pela Yale Global Magazine, do Centro de Estudos sobre a Globalização da Universidade de Yale
. Extraído de Le Monde Diplomatique Brasil. Para ler o artigo completo clique em Diplomatique

Gestão

O admirável mundo novo da gestão de pessoas*

É surpreendente o cenário delineado pela PricewaterhouseCoopers (PwC) no estudo "A Gestão de Pessoas no Futuro", que mostra como as relações de trabalho deverão se assentar até 2020. Baseado em pouco mais de 2,7 mil entrevistas realizadas nos Estados Unidos, na China e no Reino Unido, o levantamento revela quais são as expectativas dos profissionais da chamada "Geração Y" – formada por aqueles que estrearam no mercado de trabalho no início desta década. "São pessoas que, hoje, ocupam cargos técnicos de destaque e que, até 2020, começarão a ditar os rumos dos negócios ao redor do mundo", explica João Lins, sócio da PwC na área de Organização e Capital Humano.

O estudo não se detém sobre uma única tendência. Em vez disso, identifica quais serão as principais forças que afetarão a dinâmica do trabalho nos próximos 12 anos. Uma dessas forças, por exemplo, é a do individualismo – que se confrontará com a necessidade de um pensamento coletivista nas organizações; outra é a da fragmentação – que se chocará com a tendência de consolidação de grandes conglomerados empresariais. Num exercício prospectivo, a PwC extrapolou essas forças e chegou a três ambientes distintos de negócios. Esses ambientes, conhecidos como "mundos", são muitas vezes antagônicos, mas tendem a coexistir pacificamente. Eles determinarão como as pessoas se relacionarão com o trabalho na próxima década, segundo a PwC. Confira abaixo os detalhes:

Mundo Azul: será o mundo do trabalho típico das grandes corporações. Os profissionais que estiverem inseridos neste ambiente gozarão de um estilo de vida diferenciado – já que essas organizações farão de tudo para retê-los. "Isso levará a uma situação nova: os empregados das megacorporações terão à disposição tudo de que necessitam para o seu bem estar, ao contrário do que ocorrerá com empresas menores, de âmbito local", explica João Lins. As carreiras serão longas e planejadas. Já os gestores serão cada vez mais pressionados a justificar seus investimentos na área de RH, mostrando claramente o retorno obtido com a adoção de diferentes ferramentas de qualificação, remuneração, etc. As empresas mais avançadas deverão adotar o cargo de Chief People Officer, ou CPO, que terá a responsabilidade de tomar decisões altamente estratégicas relativas à gestão de pessoas.

Mundo Laranja: será o mundo do trabalho dentro de empresas de pequeno e médio porte. Aqui, o ambiente será bem diferente daquele retratado pela PwC no "Mundo Azul". As pequenas empresas deverão ser ágeis e extremamente competitivas para enfrentar as grandes. Isso só será possível por meio de uma política de gestão de pessoas baseada na terceirização. Os gestores de RH terão de encontrar meios de atrair talentos para vagas temporárias, existentes somente durante a execução de determinados projetos. Por isso, a tendência é de que as empresas do "Mundo Laranja" sejam dependentes das associações de profissionais e das redes de relacionamento especializadas. "Serão redes formadas por fornecedores confiáveis, que poderão ser acionadas a qualquer momento, com custos reduzidos", explica Lins, da PwC.

Mundo Verde: será o mundo resultante das atuais pressões por sustentabilidade e responsabilidade social. As empresas buscarão abordagens mais holísticas para suas políticas de gestão de pessoas. Na guerra pelo talento, elas deverão lançar mão de novas armas, tais como a possibilidade de os funcionários equilibrarem vida pessoal e trabalho ou a oportunidade para planejarem suas carreiras com foco em "recompensa total" – isto é, baseada em objetivos não quantificáveis, como qualificação, saúde, qualidade de vida, etc. "Esse contexto remete a uma forte tendência de os gestores de RH centralizarem o desenvolvimento das políticas e as principais decisões das organizações na área de sustentabilidade e responsabilidade social", afirma João Lins.
Fonte: Administradores.com
Data: 18/07/2008
*Extraído de e-Learning Brasil
http://www.elearningbrasil.com.br/

Nossa opinião

Algumas questões podem ser refletidas a partir do artigo. Inicialmente temos dificuldades de identificar no cenário o que será feito do encanador polonês, figura hipotética usada para representar o trabalhador disposto a aceitar condições precárias de contratação na europa ocidental. Como será administrado o conflito com os demais trabalhadores desses países? A sustentabilidade, baseada no equilíbrio entre os resultados econômico, social e ambiental tem assumido destaque na agenda da sociedade civil, de governos e de empresas. Será que as empresas do mundo azul não precisarão ter esse compromissos?
A terceirização tem sido amplamente utilizada pelas empresas como alternativa para a flexibilização e diminuição de custos fixos, entre outros aspectos. No cenário delineado o que poderá ocorrer quando as empresas do mundo laranja não puderem contratar temporariamente? Os talentos farão o quê?
É possível o assentamento das relações de trabalho nessas condições? O estudo permite o entendimento de que não há vida após o liberalismo econômico. Porém, a realidade tem mostrado que essa pretensa inevitabilidade está provocando sérias crises no mundo com desdobramentos e conseqüências imprevisíveis. E a gestão de pessoas em qualquer empresa necessitará incorporar um olhar crítico com relação à realidade externa, de modo a identificar alternativas de gestão de conflitos que se situem além da simples adaptação do indivíduo às condições de oferta.

Cidadania Cultural

Resultado da nossa enquete: As políticas de cultura no Brasil mais efetivas na garantia do acesso à cultura de forma ampla são realizadas por qual setor?

A enquete que realizamos neste blog encerrou ontem com o seguinte resultado:
  • Primeiro, o governo é o maior incentivador da cultura no Brasil (66%)
  • Segundo, as empresas por meio de patrocínios e incentivos fiscais (20%)
  • Terceiro, as ONGs e movimentos sociais têm sido os mais participativos (20%)
Como os participantes puderam escolher mais de uma opção, não é possível somar os percentuais.

Nossa opinião

Sem desconhecer a centralidade da preocupação com a garantia dos direitos à cultura como responsabilidade genuína dos governos, opinião compartilhada pelos votantes da enquete, acreditamos que a mobilização pela garantia de tais direitos deve ser conjunta dos três setores da sociedade – do contrário jamais se chegará à almejada cidadania cultural. Em tempo de desafios complexos os grupos humanos devem atentar para o entrelaçamento das muitas dimensões implicadas no convívio coletivo. Aos governos, cabe garantir condições mínimas irredutíveis para que todos tenham acesso ao universo da cultura – Declaração Universal dos Direitos Humanos – às empresas, o engajamento efetivo na promoção das muitas expressões de cultura relacionadas a todos os seus stakeholders; e, à sociedade civil organizada o compromisso orgânico com a missão de permitir que a pluralidade de vozes legitimadoras da diversidade cultural não sofra nenhum tipo de silenciamento, principalmente os mais sutis. A cultura é o resultado de uma longa conversa em que TODOS participam, como ressaltou o intelectual há alguns anos. Não é mais permitido calar-se diante de assuntos que têm implicação direta na sustentabilidade da condição humana.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Cidadania

Reproduzimos abaixo importante mensagem do presidente do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social* sobre a campanha eleitoral que inicia.

Instituto Ethos e Pacto pela Integridade e contra a Corrupção/Empresa Limpa abraçam Campanha "Ficha Limpa".

"Prezados signatários do Pacto Empresarial pela Integridade e contra a Corrupção e Associados do Instituto Ethos,

As eleições deste ano para prefeitos e vereadores correm sério risco de dar mandato a candidatos condenados por crime comum ou de corrupção; ou ainda para aqueles que, com foro privilegiado, tenham tido denúncias acatadas por órgão judicial.

Ainda que tenhamos esperanças de que o TSE interprete a legislação eleitoral já existente de maneira a vetar a candidatura dessas pessoas, a sociedade civil e os eleitores brasileiros precisam pressionar o Congresso Nacional para que tome medidas definitivas a fim de excluir de vez da vida política os postulantes a cargos eletivos que tenham condenações de qualquer natureza.

Nesse sentido, o Instituto Ethos, ao lado de dezenas de organizações da sociedade civil e por meio do Pacto Empresarial pela Integridade e contra a Corrupção, abraça a campanha do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) para a coleta de 1,3 milhão de assinaturas para o Projeto de Lei de Iniciativa Popular “Ficha Limpa”, que impede a candidatura de políticos condenados pelo menos em segunda instância do sistema judicial.

O prazo para fazer valer essa mudança ainda em 2008 é curto, por isso precisamos ser rápidos e eficientes. Será necessário arrecadar as assinaturas imediatamente.

Precisamos de seu engajamento nesta corrente contra a corrupção e contamos com isso.


Atenciosamente,


Ricardo Young
Presidente do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social

Assine, colete assinaturas e envie imediatamente para o endereço do MCCE que consta no Formulário (arquivo PDF).

A coleta de assinaturas deve ser realizada unicamente por meio do modelo de formulário disponível, pois assim será possível comprovar que as assinaturas se referem a este projeto de lei. As assinaturas já coletadas devem ser enviadas à Secretaria Executiva do Comitê Nacional do MCCE, para serem anexadas ao projeto de lei final.
Leia mais sobre o Projeto de Lei de Iniciativa Popular “Ficha Limpa” em www.lei9840.org.br

Roteiro de Coleta das Assinaturas (arquivo PDF)
Campanha "Ficha Limpa" (arquivo PDF)

Clique aqui e confira o vídeo da campanha.
"

*www.ethos.org.br



Nossa opinião

Entendemos que o modelo de democracia representativa praticado no país, embora necessário, é insuficiente para responder de modo satisfatório às questões contemporâneas. A ampliação do processo político para a participação da sociedade civil organizada nas decisões políticas, inaugurando uma democracia participativa ou deliberativa pode se apresentar como uma alternativa bastante eficaz de planejamento, decisão e execução de políticas públicas. No entanto, aumentar a legitimidade do modelo atual buscando eleger candidatos idôneos para a representação política da sociedade é essencial para a ampliação da democracia em nosso país. Portanto, somos plenamente favoráveis à Campanha "Ficha Limpa"! Opine você também!

Educação

Reflexões sobre tendências Internacionais
da Educação Superior
Daniel Roedel*

Nos últimos anos temos verificado alterações significativas nas Instituições de Ensino Superior – IES, em âmbito mundial. A principal constatação é de que, submetida à forte competição em escala global, a educação superior está rapidamente incorporando as regras de negócio do ambiente capitalista, visando ao aumento da denominada competitividade. Dentre os aspectos desse mercado, merecem destaque:

• Tendências de Internacionalização – com o mundo cada vez mais interligado e sem fronteiras, a grande escala e os fornecedores corporativos se destacam na oferta da educação superior.

• Oportunidades pela Economia Baseada no Conhecimento – o conhecimento se torna rapidamente obsoleto, requerendo que a aprendizagem seja um processo permanente, o que favorece a oferta de programas de educação superior.

• Nova Governança – Novos Modelos de Gestão e de Financiamento – as novas pressões e demandas na educação superior estão vindo de múltiplas fontes. O ambiente competitivo da educação superior esgota os modos tradicionais de gestão e de financiamento, fazendo com que princípios de eficiência, eficácia, qualidade e de resultados, comuns à gestão das empresas, sejam gradativamente incorporados ao ambiente educacional.

• Educação à Distância (EaD) como ferramenta para a Competitividade – as novas tecnologias de informação e de comunicação permitem a realização da aprendizagem em qualquer lugar, a qualquer hora, além das fronteiras nacionais, favorecendo o atendimento das agendas sociais e as exigências do mercado.

• Garantia da Qualidade e Acreditação dos Programas Educacionais – a desregulamentação da legislação passa a ser fator essencial para o livre trânsito das relações institucionais, a captação de recursos e a formação de parcerias. A acreditação por parte de organismos nacionais e internacionais assume papel de destaque na legitimação dos cursos e das IES no mercado, em detrimento da regulamentação de órgãos governamentais.

• Ênfase no mercado - a orientação para a demanda tende a valorizar a oferta de cursos superiores que proporcionem maior retorno imediato aos investidores, em detrimento de outros com menor "apelo" de mercado. Esse aspecto é reforçado pela forte associação entre conhecimento adquirido e capital humano, que o resume a uma mercadoria comprada e vendida no mercado.

Alguns pontos merecem destaque: embora seja importante a busca do aumento da eficiência e da eficácia na orientação das IES, uma vez que a gestão de qualquer empreendimento deve considerar esses princípios, nunca se deve esquecer que a educação, em seus diversos níveis, prepara indivíduos para contribuírem com o desenvolvimento e fortalecimento da sociedade e do país. E isso que requer um forte compromisso com a construção do futuro. Portanto, o compromisso com a educação pressupõe uma orientação estratégica que a coloca além dos requisitos estabelecidos pelo mercado.

Se por um lado uma atuação transnacional da educação superior pode favorecer o intercâmbio de conhecimentos, o modo como os países emergentes optarem por se inserir nesse mercado global pode comprometer suas agendas de desenvolvimento tornando-os meros reprodutores do conhecimento gerado nos países centrais. Opção que fatalmente limitará a incorporação de novos conhecimentos essenciais para a inovação.

Outro ponto crítico reside na orientação assumida pelo MEC com relação à articulação entre ensino, pesquisa e extensão, considerados pilares da educação superior no país.

*Daniel Roedel é Diretor da Plurimus

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Responsabilidade Social Empresarial

Nem tão boazinhas*

Para muitos brasileiros, a Petrobras é hoje a empresa mais socialmente responsável do país. É o que revelou uma pesquisa recente do instituto Market Analysis, com 805 pessoas. Curiosamente, a companhia também está na lista das empresas menos responsáveis. O que explica a ambigüidade são os investimentos massivos da empresa em marketing, que tornam mais visíveis suas ações sociais — mas também seus telhados de vidro, como a própria natureza do negócio. O mesmo raciocínio se aplica à Vale, outra presente nas duas listas. Os números mostram ainda que os brasileiros se lembram mais de empresas supostamente “boazinhas” do que de companhias que tiveram problemas. A Parmalat, primeira na lista negra da responsabilidade social — devido ao escândalo da soda cáustica no leite fornecido por algumas cooperativas, no segundo semestre de 2007 —, foi lembrada por apenas 10,6% dos entrevistados.


As melhores em responsabilidade social(1)...
Petrobras 19,8%
Coca-Cola 4,8%
Vale 3,8%
Bradesco 3,1%
Votorantim 2,3%
...e as piores
Parmalat 10,6%
Souza Cruz 5,8%
Telemar 5,3%
McDonald’s / Telefônica / Petrobras / Vale / Companhia de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae) 1,9%
(1) Percentual dos 805 entrevistados que mencionaram a empresa

Fonte: Portal Exame - Gestão & Idéias. Para acessar clique em Gestão.


Resultado da enquete da Plurimus:
Por que as empresas têm tomado iniciativas em Responsabilidade Social?

A enquete que realizamos neste blog encerrou ontem com o seguinte resultado: Por que as empresas têm tomado iniciativas em Responsabilidade Social?

  • Estratégia de marketing
(61%)
  • Pressão da sociedade
(44%)
  • Maior consciência das lideranças empresariais
(22%)

Como os participantes puderam escolher mais de uma opção, não é possível somar os percentuais.


Nossa opinião


De fato, a Responsabilidade Social Empresarial (RSE) ainda não é assumida como como orientação estratégica nas empresas. Predominam uma forte comunicação e ações de marketing, em detrimento de uma nova orientação na condução dos negócios. Como abordado em artigo recente neste blog, a RSE implica em compatibilizar os aspectos econômicos, sociais e ambientais visando um desenvolvimento sustentável, que garanta a qualidade de vida para a sociedade atual e as gerações futuras. Desse modo, a matéria do portal da Revista Exame e a enquete que fizemos reforçam que ainda temos um longo caminho a percorrer. É possível às empresas adotarem uma prática que vá além do mercado, em respeito aos indivíduos e à natureza? Que papel deve desempenhar a sociedade civil na busca dessa compatibilização entre o econômico, o social e o ambiental? Como o poder público pode e deve atuar? Opine!

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Empreendedorismo Social

A Experiência de John Wood
Simone Amorim*

A formulação mais simples do que seja comportamento empreendedor talvez seja a daquela pessoa que míope diante das dificuldades práticas de realização de um projeto (ou um sonho) mantém-se hipnotizada pela visão das realizações potenciais de suas idéias. Empreendedor é alguém que sabe exatamente o que quer e considera as dificuldades a serem enfrentadas como meros detalhes do percurso.

O americano John Wood é um exemplo típico do que atualmente se denomina empreendedor social. Ex-Diretor de MKT para a região da Ásia, na Microsoft, muito bem-sucedido já aos 35 anos e com carreira executiva bastante promissora, decide largar tudo para ajudar crianças carentes a ler e escrever em países pobres como Nepal, Camboja, Vietnã, Laos, Sri Lanka e Índia.

Funda em 2000 a Room to Read [1], uma ONG cuja missão é promover educação de qualidade para crianças dos países pobres onde atua, implantando bibliotecas, salas de informática, editando literatura infantil em língua nativa e patrocinando bolsas de estudo para meninas carentes.

Tudo começou depois de uma viagem de férias ao Nepal, oportunidade em que visita uma escola local, cuja biblioteca contava com não mais que 20 exemplares de livros em precárias condições deixados por turistas com os mais variados gostos literários (e idiomas), dada a diversidade e inadequação do acervo. Lembra-se da sua infância diametralmente oposta a essa circunstância e pensa na fatalidade que de antemão determina a realidade das centenas de crianças do Nepal.


A bem contada história do executivo que largou tudo para mudar o mundo ajudando crianças carentes a ler e escrever, pode ser lida no livro “Saí da Microsoft para mudar o mundo: A história de um empreendedor social e sua missão de ajudar crianças carentes a ler e escrever”, de John Wood, publicado no Brasil pela Editora Sextante. É claro que John jamais perde o perfil empreendedor característico do alto executivo da Microsoft. Demonstrando com paixão que é possível associar foco nos resultados a uma missão social - o que no fim das contas é uma boa definição de Empreendedorismo Social.

Nota
[1] Endereço eletrônico: http://www.roomtoread.org/about/index.html

*Mestranda em “Bens Culturais e Projetos Sociais” no CPDOC – FGV, com pesquisa na área de Políticas Públicas do Livro e da Leitura no Brasil.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Desenvolvimento Local

Desafios e Perspectivas para a Cidade do Rio de Janeiro
no Século XXI – parte I

Hiran Roedel*

O estudo sistematizado de determinada região ou território com o objetivo da elaboração de um conhecimento que oriente uma melhor forma de intervir para o seu desenvolvimento, exige, inicialmente, a compreensão das forças responsáveis por sua organização. Segundo Milton Santos, “O espaço é formado por dois componentes que interagem continuamente: a) a configuração territorial, isto é, o conjunto de dados naturais, mais ou menos modificados pela ação consciente do homem, através de sucessivos ‘sistemas de engenharia’; e b) a dinâmica social ou o conjunto de relações que definem uma sociedade em dado momento” (1).
De acordo com essa descrição, deve-se observar o processo de interferências do homem, no decorrer do tempo, bem como em uma dada época, sobre o espaço natural e sua relação na composição de um espaço socialmente construído. Tal interferência do homem no espaço, a partir de seus meios técnicos, estabelece o ritmo das produções materiais e culturais, o que é institucionalizado pelas ações políticas conforme as correlações de forças que nele atuam. Ou seja, “a dinâmica social é dada pelo conjunto de variáveis econômicas, culturais, políticas etc., que a cada momento histórico dão uma significação e um valor específicos ao meio técnico criado pelo homem, isto é, à configuração territorial” (2).
Dessa forma, as transformações econômicas e políticas ocorridas no mundo e no Brasil, nas últimas décadas, impuseram uma nova dinâmica na configuração de territórios alterando, portanto, o modo de se inserir tanto no mercado de trabalho quanto na produção de bens de consumo. A introdução de novas tecnologias ao mesmo tempo em que acelera o ritmo da produção empurra, também, massas de trabalhadores para o desemprego e/ou o trabalho informal. O denominado “chão da fábrica” se alterou, levando consigo a alteração nas relações de produção.
A mundialização do capital alterou o sistema de representação do mundo, bem como introduziu novos atores no jogo político. A interdependência econômica entre os Estados nacionais fez emergir “ilhas” de dinamismo econômico favorecido pelo ambiente de intercomunicabilidade até então nunca visto. A ampliação do volume de negócios decorrente implicou a mudança da relação espaço/tempo e abriu novas possibilidades de inserção no mercado, enquanto, ao mesmo tempo, o novo ambiente intensificou a complexidade do campo social. O seu correspondente foi a variedade de classes e segmentos de classe que se impôs alterando o campo semântico do antagonismo até então fundamental do capitalismo acentuando antigas tensões e impondo novas.
A interação comunicacional não reconhece mais as barreiras geográficas e, por isso, permite às regiões o desenvolvimento de relações econômicas, políticas e culturais com diversas regiões, independente da distância. As particularidades de cada sociedade, construídas historicamente, potencialmente tendem a se ampliar. Contudo, para que tal situação tendencial se manifeste, faz-se necessário o conhecimento das potencialidades locais e suas possibilidades de interconexões com o cenário global.
Além disso, esse modo de acumulação capitalista causou consideráveis danos ao meio ambiente e à qualidade de vida das populações, comprometendo, também, as gerações futuras. Identificar formas de apropriação da natureza que promovam um desenvolvimento sustentável e preservem a cidadania, ampliando-a para todas as camadas das populações são aspectos essenciais da realização de políticas públicas.
No caso da cidade do Rio de Janeiro, todos esses aspectos têm forte repercussão na formulação dessas políticas. Cidade detentora de uma incomparável beleza urbana que concilia natureza e arquitetura, capital do Brasil por dois séculos, local que abriga os mais importantes símbolos identitários do país, o Rio de Janeiro encontra-se numa trajetória de resgate de sua presença econômica e política no país e no exterior. Desse modo, esses aspectos podem ser explorados tanto pelo lado político-cultural da nacionalidade como também pelo lado comercial, investindo nesses ativos tangíveis e intangíveis (3). Isso resulta, conseqüentemente, no aumento da arrecadação tributária e na geração de riqueza local. Perspectiva que se coaduna com o conceito de desenvolvimento local, “que procura reforçar a potencialidade do território mediante ações endógenas, articuladas pelos seus diferentes atores: sociedade civil, poder público e o mercado” (4).
*Hiran Roedel é Diretor da Plurimus


Notas:

(1) SANTOS, Milton. Metamorfoses do Espaço Habitado. SP: Huicitec, 1997, p.111.
(2) ibidem, p.112.
(3) ROEDEL, Hiran. Globalização, Comunicação e Teleporto: A Cidade do Rio de Janeiro em Rede. Tese de doutorado aprovada pela ECO/UFRJ. Rio de Janeiro, 2001.
(4) TENORIO, Fernando G. – organizador. Cidadania e Desenvolvimento Local. Rio de Janeiro: FGV; Ijuí: Ed Unijuí, 2007.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Cultura

Lei Rouanet poderá ter critérios regionais de aplicação

01/07/2008 às 11h20

A Câmara analisa o Projeto de Lei 1139/07, do Deputado Raul Henry (PMDB-PE), que torna obrigatória a distribuição dos recursos de renúncia fiscal para financiamento de projetos culturais, de acordo com os percentuais populacionais das regiões brasileiras. Para Raul Henry, é preciso tornar mais justa a distribuição dos recursos, uma vez que o Estado brasileiro como um todo abre mão de parte de sua receita. Como se trata de dinheiro público, o deputado acredita que os princípios de igualdade entre as regiões e fomento à cultura local, expressos na Constituição, deveriam ser respeitados. Segundo ele, a maioria dos projetos ficam restritos ao eixo Rio-São Paulo - região que detém a maior concentração da renda nacional. De acordo com dados do Ministério da Cultura, a Região Sudeste, que concentra 42,64% da população brasileira, nos últimos quatro anos, obteve 77% dos recursos destinados ao financiamento de projetos culturais. Já a região Nordeste, com 28,12% da população brasileira, recebeu apenas 6,76% dos recursos. Pela proposta, o domicílio do beneficiário determinará a região de enquadramento do projeto cultural.

Fonte: Blog da Comissão de Educação e Cultura da Câmara

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Edgar Morin

Notícias
Quinta-Feira, 03 de julho de 2008

JC e-mail 3545, de 02 de Julho de 2008.

12. UFRJ recebe sociólogo francês Edgar Morin

Pensador profere, na próxima segunda-feira (7), a conferência "Natureza, Humanidade e Sociedade"

O Programa Eicos, do Instituto de Psicologia, e o Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS) da UFRJ, promovem o evento, que acontece no dia 7 de julho, às 14h, no Salão Nobre do IFCS.

Edgar Morin é pesquisador emérito do Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS) e do Centre Edgar Morin.

O IFCS fica no Largo do São Francisco de Paula, n. 1, (Centro), Rio de Janeiro.

Fonte
Jornal da Ciência - www.jornaldaciencia.org.br