quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

Gestão sem limites

Gestão é tudo (SQN)*


Daniel Roedel**

No Brasil, especialmente no Rio de Janeiro, é comum utilizarmos ao final de uma afirmação a expressão “só que não” (SQN). Trata-se de uma ironia que nega a certeza anterior e cria uma piada. Utilizei a expressão no título para abordar o tema da gestão que desde há alguns anos saiu dos estudos e debates da academia e das ações empresariais e entrou no cotidiano das pessoas em diversas localidades. Continue a ler

*Publicado em Blogue Shift

**pós-doutorando no ISEG da Universidade de Lisboa, doutor em Políticas Públicas e Formação Humana e bacharel em Administração

quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

Pessoas, ambiente e economia

Dívida Pública e os limites da Sustentabilidade Socioambiental



Assista aqui a apresentação do tema no II Congresso Virtual Brasileiro de Recursos Humanos Sustentáveis e I Congresso Virtual Internacional de Recursos Humanos Sustentáveis, realizada no dia 25 de novembro de 2021.

quinta-feira, 18 de novembro de 2021

Congresso virtual

 CVBRHS e CVIRHS


Nos dias 24, 25 e 26 de novembro serão realizados o II Congresso Virtual Brasileiro de Recursos Humanos Sustentáveis - CVBRHS e o I Congresso Virtual Internacional de Recursos Humanos Sustentáveis CVIRHS.

O tema será: Inovação e Desenvolvimento Sustentável do Trabalho Humano, tendo como Áreas Temáticas:
1- Gestão;
2 - Gestão de Recursos Humanos;
3 - Sustentabilidade;
4 - Inovação;
5 - Responsabilidade Socioambiental;
6 - Qualidade de Vida no Trabalho;
7 - Ética;
8 - Trabalho Remoto;
9 - Cidades Verdes;
10 - Espiritualidade; e
11 - Avaliação

 Informações e inscrições em Congresso

quinta-feira, 5 de agosto de 2021

Taba TV

Tradição que oprime


Programa FALOU e DISSE, da TabaTV, entrevista o historiador HIRAN ROEDEL, sobre o seu mais recente livro: “Trabalho e Alienação – tradição que oprime.” O programa será na sexta-feira, dia 6 de agosto, às 15h (horário do Rio de Janeiro).

Acompanhe aqui

quinta-feira, 8 de julho de 2021

China

Sete potências e um destino:

conviver com o sucesso da civilização chinesa*

José Luís Fiori

China permanece sendo uma “civilização” que finge ser um Estado-nação [...] e que nunca produziu temática religiosa de espécie alguma, no sentido ocidental. Os chineses jamais geraram um mito da criação cósmica e seu universo foi criado pelos próprios chineses.
Kissinger, H. Sobre a China. Rio de Janeiro: Ed. Objetiva, 2011, p. 28.

O espetáculo foi montado de forma meticulosa, em cenários magníficos, e com uma coreografia tecnicamente perfeita. Primeiro foi o encontro bilateral entre Joe Biden e Boris Johnson, os líderes das duas grandes potências que estiveram no centro do poder mundial nos últimos 300 anos. A assinatura de uma nova Carta Atlântica foi a forma simbólica de reafirmar a prioridade da aliança anglo-americana frente aos demais membros do G7 e seus quatro convidados, que se reuniram nos dias 11 e 12 de junho numa praia da Cornuália, sul da Inglaterra, como um ritual de retorno dos Estados Unidos à liderança da “comunidade ocidental”, depois dos anos isolacionistas de Donald Trump. Em seguida, os sete governantes voltaram a se encontrar em Bruxelas, na reunião de cúpula da OTAN encarregada de redefinir a estratégia da organização militar euro-americana para as próximas décadas do século XXI. E ali mesmo, na capital da Bélgica, o presidente americano reuniu-se com os 27 membros da União Europeia pela primeira vez desde o Brexit e, portanto, sem a presença da Grã-Bretanha. Por fim, para coroar esse verdadeiro tour de force de Joe Biden em território europeu, o novo presidente dos Estados Unidos teve um encontro cinematográfico com Vladimir Putin num palácio do século XVIII, no meio de um bosque de pinheiros, às margens do Lago Leman, em Genebra, Suíça.

Continue lendo em JB.


*Publicado no Jornal do Brasil

quinta-feira, 1 de julho de 2021

Lançamento

Trabalho e  alienação

Hiran Roedel*

Por que predominam, na sociedade brasileira, posturas políticas conservadoras e arcaicas, nos mais variados aspectos, apesar de já estarmos no início da terceira década do século XXI? O que faz uma parcela considerável da população voltar a cometer velhos erros do passado, levando ao progressivo encolhimento das representações de esquerda no país, mesmo essas se apresentando como suas fiéis defensoras?

Esse foi o centro das preocupações que resultaram no surgimento deste livro, que não tem o intuito de apresentar um caminho salvador. O objetivo aqui é tentar compreender o comportamento da maioria dessa sociedade, extremamente religiosa e capitalista, a partir de suas condições reais, sem idealizá-las.

O leitor que for se aventurar por estas páginas precisará despir-se de preconceitos e dogmas, o que foi necessário também durante a construção desta obra, lançada simultaneamente no Brasil e em Portugal pela Chiado Editora.

Mais informações podem ser obtidas em Lisbon International Press e em Livraria Atântico.





*Historiador, Doutor em Comunicação Social e autor de diversos livros e artigos que versam sobre a sociedade brasileira. Dentre suas principais obras, encontram-se os livros Sociedade Brasileira: uma história através dos movimentos sociais - volumes I e II, em coautoria com os historiadores Rubin de Aquino, Fernando Vieira e Gilberto Agostinho; e Comunidade Portuguesa na cidade do Rio de Janeiro: mobilidade e formação de territórios, que compõe o livro Os Lusíadas na aventura do Rio Moderno, organizado por Carlos Lessa.

quinta-feira, 27 de maio de 2021

Isso é Economia?

Paulo Guedes, ícone da “economia que mata”*

Roberto Malvezzi
Se existe alguma virtude no atual governo é que ele é absolutamente transparente nos seus propósitos, ainda que seja uma perversa transparência. Como diz Jesus sobre os mercenários em uma de suas falas: “O ladrão vem apenas para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida, e a tenham plenamente” (João 10,10).
Bolsonaro avisou na campanha que viria para destruir (voltar 50 anos na história) e que gostaria de ver mortos ao menos os 30 mil que a “ditadura torturou, mas não matou”. Esse propósito se materializa com os fatos, como os 400 mil mortos pela covid-19, mas também a fala expressa do ministro Paulo Guedes: “De acordo com o ministro, não foi a pandemia que tirou a capacidade de atendimento do setor público, mas sim ‘o avanço na medicina’ e ‘o direito à vida’ (Globo Economia).” O ministro não tem pudores de dizer que a vida de muitas pessoas é um problema para a concepção que ele tem economia.

Para o ministro as únicas vidas que valem é a dos mercadores. O resto das vidas têm que ser sacrificadas no altar dos deuses do mercado. Pensadores como Jung Mo Sung e Franz Hincklammert já devassaram a alma sanguinária e sacrificial desses deuses. Mas, esses deuses têm uma característica pavorosa, isto é, são insaciáveis.


*Extraído de Outras Palavras

quinta-feira, 8 de abril de 2021

Semana da Interculturalidade EAPN – European Antipoverty Network

Interseccionalidade: Raça/Etnia, Classe e Gênero
“Olhares e historias plurais no feminino”

Simone Amorim*


O Coletivo AFREKETÊ de pesquisadoras independentes em Ciências Sociais, produz pesquisas sob os paradigmas feminista, decolonial, antirracista e anticapitalista. No momento desenvolvem a pesquisa “Trabalho, Gênero e Crise: um retrato do trabalho de mulheres negras na Área Metropolitana do Porto no período da pandemia da Covid-19”, que tem como objetivo analisar os impactos do trabalho na vida de mulheres negras residentes na Área Metropolitana do Porto durante a pandemia da COVID-19. Nos queremos saber como se interseccionam gênero e etnia em relação ao trabalho no período de crise.

Convidadas a participarem do evento anualmente desenvolvido pela EAPN, em Portugal, expuseram as suas ideias sobre as bases conceituais que orientam a sua atividade.

EAPN - Qual é o caminho a percorrer em Portugal no que diz respeito à criação e/ou aperfeiçoamento de mecanismos de inclusão social, especificamente para a inclusão da mulher negra?

AFREKETÊ - Pra começar, um debate político e acadêmico aprofundado, direto e que nomeia claramente os problemas é importante. Fazer o que viemos fazer aqui hoje, falar de mecanismos que continuam prolongando uma realidade desigual e que tem impedido a que as mulheres racializadas tenham oportunidades de escolhas no presente e nas suas projeções futuras, fazer isso na política institucionalizada, na academia e na mídia. Manter essa pauta até que essa realidade seja alterada

Nós nos reunimos nesse coletivo justamente para tensionar uma a ideia positivista de objetividade absoluta do conhecimento e de que a pesquisa engajada não é ciência é politica, ativismo ou qualquer outra coisa, isso é uma forma de colonização discursiva (C. Mohanty), uma violência epistêmica (G. Spivak) e nós no AFREKETÊ procuramos fazer pesquisa que tenha alcance público, no sentido político dessa palavra

É importante historicizar o termo para não sermos capturadas pela perspectiva liberal. É preciso pensar a inclusão social de mulheres negras a partir delas: ouvir o que elas têm a dizer. Ter mulheres negras na Assembleia da República é um avanço sem dúvida, mas é ainda insuficiente, devemos estar em outras instâncias de poder, mas é um avanço. Interseccionalidade (K. Crenshaw), Matriz de Dominação (P. Hill Collins), Consubstancialidade (M. Lugones) da colonialidade do poder/ser/saber ou outras denominações a partir das quais a questão é tratada, não é “one fits all”, estamos fazendo um exercício epistemológico sobre um sujeito politico especifico: a mulher racializada e a singularidade da opressão que incide sobre ela. É muito importante não perder isso de vista.

Numa sociedade como a portuguesa, onde é vetada a produção de dados étnico raciais, não podemos perder essa dimensão estratégica, sob pena de perdermos a força dessa formulação no quadro de uma perspectiva radical, que é o que este tempo exige de nós

É engraçado porque o coletivo nasceu justamente da negativa de um financiamento para nossa pesquisa, nos questionamos se esse não é um silenciamento, uma barreira a que não se produza conhecimento com essas mulheres, visto que esta é justamente a proposta que fizemos, a nossa leitura foi que sim, e nós fizemos na mesma, isso diz muito sobre essa sociedade

Portanto, nós deveríamos utilizar toda oportunidade disponível para, a partir dessa formulação, tensionar uma realidade, ainda extremamente mais agravada com a pandemia da covid-19, cujos efeitos mais perversos incidiram sobre as mulheres. Aqui e em todo o mundo (FMI). Este é um tempo extremamente crítico. Nós temos conversado com muitas mulheres no âmbito da nossa investigação e temos infelizmente percebido os efeitos da precariedade do trabalho nas condições de vida dessas mulheres

Existem problemas concretos impedindo a que essa parcela da sociedade portuguesa tenha uma vida digna. A questão da documentação por exemplo que continua vulnerabilizando as possibilidades concretas de construção de uma vida digna neste território para algumas mulheres que vieram viver aqui no período de transição ou pós-colonial, portuguesas nascidas neste país e que enfrentam barreiras básicas como esta para conseguirem melhores empregos, estudarem etc.

EAPN - É possível falar de luta antirracista sem falar de luta anticapitalista? Porquê? (Ou, de que forma é que o capitalismo exacerba as desigualdades, em particular a discriminação racial?)

AFREKETÊ - A metodologia feminista decolonial é anticapitalista. Quando falamos em raça, classe e gênero nesta perspectiva temos o compromisso de estabelecer uma relação entre realidades subalternizadas e a ordem mundial capitalista moderno-ocidental (P. Hill Collins). Enquanto abordagem feminista este é um aporte estratégico para pensar o capitalismo e suas diversas formas de dominação, centradas no gênero racializado (Díaz-Benitez, Mohanty). É uma perspectiva de corte realista.

É importante apenas situar que o capitalismo é uma máquina de produzir desigualdades, entre as quais a discriminação racial, mas também homofobia, xenofobia etc. e assim como estas, discriminação racial é apenas uma estratégia dentro desse motor de produção de desigualdade e descarte de seres humanos. A partir desse quadro analítico o nosso esforço enquanto sociedade deve ser pautado por expor essa questão central: a luta anticapitalista.

Nosso problema em descolar a questão anticapitalista da questão racial, colocando o debate apenas no domínio da identidade, deve-se um pouco ao fato de não termos feito o debate com marxistas como Fanon, Patricia Hill Collins ou Florestan Fernandes e Lélia Gonzalez, trazendo para o Brasil.

Data: 7/4/2021, 18h30

Alexandra Santos – VP do INMUNE

Simone Amorim – Investigadora Coletivo AFREKETÊ

Joana Peres – Ativista dos Direitos LGBTI, Sócia da Cooperativa SEIES

Moderadora Tex Silva – Associação Plano i


Acompanhem o evento completo no canal da EAPN.

*Investigadora pós-doutoral e membro Coletivo AFREKETÊ