quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Responsabilidade Social Empresarial

Resultado da enquete: você acredita que a atual crise financeira irá dificultar a realização de ações de responsabilidade social, por parte das empresas no país?

Sim. O empresariado brasileiro é muito sensível a qualquer ameaça de abalo financeiro em suas empresas. 80%

• Não. Já existe uma prática consolidada de RSE na sociedade. 0%


• Ainda é cedo para uma tomada de decisão dessa envergadura. 20%

Nossa opinião

O elevado percentual de respostas Sim, evidencia, nesta enquete, um ceticismo com relação a uma efetiva orientação empresarial para a responsabilidade social. Do mesmo modo, a total ausência de respostas Não coloca em dúvida os propósitos das ações de RSE. Cabe indagar se as ações denominadas de responsabilidade social empresarial, apresentadas quase sempre com alarde, têm compromissos com a transformação da realidade da população atendida ou apenas se inserem nas estratégias de marketing institucional. É claro, que possíveis iniciativas bem intencionadas podem não estar sendo bem compreendidas. Mas por quê?

Cultura

Cultura é atitude: Responsabilidade Social e Cultura! - final*

Júlia Andrade Ramalho-Pinto**

Em 23 de dezembro de 1991 foi criada a Lei Rouanet, que se tornou um importante incentivo para as empresas investirem em cultura através da destinação de imposto de renda. Através desta lei constata-se uma importante possibilidade de ação de Responsabilidade Social, mas observa-se que muitas empresas desconhecem o alcance das ações possíveis a serem realizadas aproveitando o incentivo fiscal. Neste sentido, é importante que se conheça a lei e se compreenda a importância da cultura para uma sociedade.

A cultura como: Construção da Subjetividade e Democracia.

O conceito de cultura tratado aqui se refere a tudo aquilo que um grupo produz que se reflete na sua identidade, na construção de seus valores e normas, no que é desenvolvido pelo Homem. Mas, conforme já discutido por Walter Benjamim, não se pode tratar a noção de identidade como algo homogenizante e padronizante. Algo que se torna padrão pode muitas vezes se tornar banalizado, universal, mas a cultura não se pretende a ser isto, a fazer sentido para todos. Isto seria mais da ordem do entretenimento, da cultura de massa, que muitas vezes enfoca mais a técnica do que o conteúdo, tornando-se algo repetido e vazio.

Por outro lado, a própria produção cultural pode ser uma forma para lidar com nosso “mal-estar na civilização”, conforme pensado por Freud. Isto é, ela nos permite elaborar, construir novos sentidos, novas “saídas” para nossas angústias. Ela é um elemento importante da construção de nosso mundo interno, da nossa subjetividade. Quanto mais questionadora, quanto mais elaborada simbolicamente, mais rica e complexa, quanto mais diversa, maior a possibilidade de sentidos, mais rico será nosso suporte para construção da subjetividade dos indivíduos. Contrariamente a essa noção de cultura, é o que vemos, por exemplo, na literatura de auto-ajuda.

A literatura de auto-ajuda tende a banalizar a complexidade humana. Mas, nem todo livro de auto-ajuda é ruim, o problema da auto-ajuda é levar o leitor a acreditar que as coisas são muito simples, verdadeiras mágicas. Simplificar, metaforizar, desenhar, ilustrar, sempre é bom para a gente compreender, mas é preciso dialogar com estas formas, criar um sentido próprio, individual e subjetivo, e, ainda, sustentar o que fica sem sentido. O que se percebe hoje é um exagero na exigência de entretenimento e relaxamento. Por isso, muitos dizem “ah não... aquele filme a gente tem que pensar!”, “Ah não gosto de ler livro pesado”, “Gosto de ler tudo aquilo que entendo! Quero ler coisas simples!” E essas coisas, de tão simples, se tornam mágicas e empobrecedoras da subjetividade humana.

Se extrapolarmos isto para a sociedade, podemos dizer que, quanto mais rica a cultura de um país, maior a possibilidade de desenvolvermos a democracia e a cidadania dos indivíduos. Se entendermos por democracia uma forma de convivência entre as pessoas, de maioridade política, em que cada um é emancipado porque é capaz de refletir por si mesmo, permitindo a livre circulação das opiniões e dos interesses, o enfrentamento dos conflitos, a instituir direitos e exercê-los, todos dependendo de uma lei comum, então, poderemos pensar assim, que a cultura fortalece os laços de inserção na sociedade. Quanto mais frágil, mais banal e homogenizante a cultura de uma sociedade, menos suporte simbólico teremos e mais ao sabor dos conflitos que se estabelecem dentro dela ficaremos, podendo nos tornar assim refém desses conflitos, em vez de criamos formas criativas de resolvê-los.

Na sociedade em que vivemos hoje, a chamada Sociedade do Espetáculo, conforme denominada por Debord (1997), ou da Era do Vazio, conforme Lipovetsky (1989) há uma predominância da importância da imagem sobre o objeto, da forma sobre o conteúdo. Há uma busca constante por prazer, e neste contexto a produção cultural, muitas vezes, acaba oferecendo produtos e serviços facilitadores para se manter esse prazer. Temos, assim, esta situação delicada: uma sociedade “sedutora”, que busca a “leveza” do “espetáculo” onde a produção cultural tende a ser uma repetição de padrões, idéias e comportamentos. Onde tudo busca ser tão dócil que não há surpresas e nem non-sense, havendo pouca possibilidade de elaboração simbólica, pouca reflexão e assim, muito da produção cultural se apresenta como dada, pronta para ser docilmente consumida.

A cultura como um dos principais pilares de investimento em ações de responsabilidade social das empresas.

Nesta “sociedade do espetáculo” as empresas vêm investindo em cultura como um de seus principais focos de responsabilidade social. Aí nos resta perguntar se elas estão sabendo em que estão investindo. Refletir se o investimento em cultura muitas vezes acaba sendo feito como instrumento apenas de marketing, de divulgação da marca das empresas, sem se levar em conta o que se pretende com aquele investimento para a sociedade. Neste sentido, pode-se investir muito mais em entretenimento, que já é consagrado e de fácil assimilação pela grande população, ao invés de buscar investimentos que resgatem a identidade de um grupo e de um país. Neste sentido, corremos o risco de não estarmos focando no desenvolvimento sustentável através da cultura, mas, ao contrário, sendo capazes de apenas produzir “do mesmo de uma sociedade”, focando mais o entretenimento e o lazer. Como disse antes, não que eles não sejam importantes; são importantes enquanto possibilidades de fruição, mas a abrangência das ações culturais são mais permanentes e geram possibilidade de construção de identidade cultural forte. Uma vez que as empresas são apontadas como parcerias na solução dos investimentos culturais, elas se tornam responsáveis pelas conseqüências de seus investimentos e deveriam avaliar o desdobramento social de suas ações.

Nesse sentido, para se investir em cultura é preciso discutir constantemente o que seja cultura, para que se possa ter ações mais amplas e duradouras para a sociedade. Além disso, cabe às organizações auxiliarem num aspecto também muito difícil de ser gerenciado no que tange à cultura, que é a acessibilidade. Neste sentido, deve-se atentar para que não se façam apenas ações isoladas, eruditas e para poucas pessoas. Durante a análise de investimento em ações culturais, dever-se-ia procurar entender como o projeto irá atingir as pessoas em geral, quais as maneiras de facilitar a assimilação, a compreensão e o acesso a vários públicos e aos bens culturais.

Por fim, ainda teríamos que pensar que a avaliação ou financiamento de um projeto cultural passa por uma perspectiva ética, já enfocada anteriormente: será que estou fazendo aquilo em que acredito? Como repercute na sociedade este projeto? Quais os seus desdobramentos? Cabe aos empresários fazerem essa reflexão no sentido de orientar seus investimentos para a responsabilidade social cultural, enquanto nós, como agentes de projetos culturais, buscamos a construção de novas formas de acesso e democratização da cultura e, quem sabe, de educação? Nosso papel tem sido o de envolver as pessoas e as empresas para encontrarmos, ou mesmo inventar, novos espaços para a circulação do saber, buscando, além do pensar e falar, uma dimensão ético-política, para que possamos ter uma sociedade mais humana, com cidadãos mais envolvidos com a realidade e com a criação de novas soluções de um bem-estar possível diante das nossas desigualdades.

*Adaptado de "Cultura é atitude: Responsabilidade Social e Cultura!", publicado originalmente em Estação do Saber. Texto integral disponível em Saber.

**Mestre em administração (UFMG), administradora (UFMG) e psicóloga (FUMEC-MG), professora universitária em cursos de graduação e pós-graduação, pesquisadora das ações de ética e responsabilidade social das empresas mineiras e consultora organizacional.


Referências bibliográficas
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Ativos intangíveis

Quando os ativos intangíveis se tornam "atingíveis"*

Wilson da Costa Bueno**

A gente sabe há muito tempo que as empresas (ou organizações de maneira geral) valem mais em função de seus ativos intangíveis do que de suas fábricas, seus equipamentos etc. Ou seja, tijolo e metal têm menos valor do que o talento, a criatividade, a inovação, a imagem, a reputação, a gestão de pessoas e de conhecimento, a marca e uma comunicação competente.

As empresas mais valiosas de verdade (não estamos falando daqueles rankings fajutos que abundam hoje na mídia, promovidos por veículos interessados em captar anúncios de empresas vaidosas, loucas para acumular selinhos e certificados) são aquelas que cuidam direitinho dos seus ativos intangíveis.

Mas o que são ativos intangíveis?

Os ativos intangíveis abrangem as competências diversas associadas a uma empresa ou organização, como as individuais, as organizacionais e as de relacionamento ou percepção pública. Há também quem postule duas categorias de ativos intangíveis: os chamados ativos de geração de valor (marca, reputação, interação com os stakeholders etc) e os ativos protetores de valor (como a gestão de riscos e crises, a moderna governança corporativa e mesmo a segurança da informação, entre outros).

Pois bem, se é assim (e não há razões para duvidar disso), por que muitas empresas (ou organizações de maneira geral) são tão displicentes em relação aos seus ativos intangíveis? Por que jogam no lixo com facilidade a sua imagem ou reputação, desrespeitando os cidadãos, agredindo o meio ambiente, maltratando os seus funcionários e praticando uma comunicação tão precária?

Podemos tentar a resposta. Estas empresas ou organizações estão atrasadas no tempo, são dinossáuricas e estão apostando contra o futuro, imaginando que os seus prédios, os seus milhares de computadores e um número grande de funcionários (e de chefes) representam sua pujança, sua força no mercado. Terrível engano porque os paradigmas (não gosto do termo que anda desgastado, mas vá lá) se alteraram profundamente nos últimos anos e, ao que parece, estarão, de agora em diante, se modificando na velocidade da luz. Haja movimentação, haja incerteza, haja necessidade de pesquisa, de planejamento e seja louvada uma comunicação competente, ética e pró-ativa!

As empresas não podem mais deixar seus ativos intangíveis ao "deus dará" porque correm sérios riscos de não sobreviverem aos novos desafios. Assim como os tufões, tsunamis e enchentes, que são cada vez mais freqüentes e intensos (em boa parte pela degradação do planeta movida pelo consumo desenfreado e pela ganância de empresas e governos predadores), as crises pipocarão com maior facilidade. A história demonstra que não são os maiores que sobrevivem (cadê os dinossauros?), mas os mais ágeis, os mais bem relacionados, os mais conectados, os mais democráticos, enfim aqueles que se adaptam com mais facilidade às mudanças. Os jacarés e até as baratas foram mais competentes do que os tiranossauros e esta é a lição que o mestre Darwin nos ensinou.

Uma empresa ou organização afinada com os novos tempos deveria saber que é preciso implementar, de imediato, uma gestão de crises e que ela deve incorporar fundamentalmente uma comunicação profissional, subsidiada por pesquisas, benchmarking de concorrentes, auditorias de comunicação, e sobretudo respaldada em atributos como o profissionalismo, espírito crítico, respeito à diversidade e à divergência, ética e transparência.

As organizações precisam rever os seus conceitos para que possam definitivamente entrar no século XXI. Chega de maquiagem, de estratégias de manipulação, de assédio moral aos funcionários, ou de prêmios agroambientais para mascarar o derrame contínuo de veneno (agrotóxico é veneno mesmo).

Os ativos intangíveis de valor têm a ver com uma cultura não transgênica ("as monoculturas da mente", como bem acentua Vandana Shiva) e com a sustentabilidade assumida em todos os sentidos (ambiental, econômica e social). Eles devem estar associados a valores organizacionais que não colidem com o interesse público e não podem contemplar a sociedade e os funcionários, respectivamente, como meros consumidores ou simplesmente mão-de-obra.

O pior, para uma organização, é permitir que os seus ativos intangíveis possam ser "atingíveis", ou seja, estejam na linha de mira dos grupos organizados, dos funcionários descontentes, dos consumidores irritados, dos ambientalistas autênticos e da sociedade civil que repudia tentativas de manipulação.

Os ativos intangíveis têm que ser desenvolvidos, protegidos, proclamados, gerenciados com competência e criatividade. Parece fácil, mas não é. Tanto é verdade que empresas e organizações, de qualquer parte e de qualquer lugar do mundo, andam sempre levando na cabeça por terem, num determinado momento, deixado os seus ativos intangíveis num canto, entregues à própria sorte, como cachorros sem dono.

Se os ativos intangíveis são "atingidos", o prejuízo costuma ser enorme. Em alguns casos, o rombo é tão grande que não dá para recuperar, mesmo que a organização disponha de prédios suntuosos, decorados por obras de arte valiosas, muita pompa e luxo. Tudo isso vale pouco, menos do que os seus proprietários imaginam. Quando os ativos intangíveis são golpeados, os demais ativos viram pó. E aí é um "deus nos acuda".

Fortaleça os ativos intangíveis da sua organização.

*Adaptado do artigo Quando os ativos intangíveis se tornam "atingíveis", publicado no Portal da Imprensa. Artigo completo disponível em Portal.

**Jornalista, professor da UMESP e da USP, diretor da Comtexto Comunicação e Pesquisa. Editor de 4 sites temáticos e de 4 revistas digitais de comunicação.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Cultura

Cultura é atitude: Responsabilidade Social e Cultura! - parte II*

Júlia Andrade Ramalho-Pinto**

O crescimento do comércio mundial tem sido cada vez mais dependente das decisões de uma centena de grandes corporações: 2/3 do comércio é internacional, sendo 1/3 diretamente intrafirmas e 1/3, entre mega-corporações. Com relação às grandes empresas transacionais, existe algo entorno de 39 mil e 270 filiais. Conforme apontado por José Luís Fiori, destas, apenas 100 (0,3%) detém 1/3 do estoque mundial de capital e, ainda, 39 delas são norte-americanas e 19 japonesas. Parece-me que podemos dizer que, de fato, as empresas possuem um grande poder econômico.

O Estado brasileiro, como muitos outros países latino-americanos, vem reduzindo o seu papel na economia à função de guardião dos equilíbrios macroeconômicos. Nesta economia de mercado o Estado não interfere tanto na economia e, não interferindo, acaba reduzindo seu papel na definição de prioridades, na implementação de políticas e incentivos, em oferecer proteção social às suas populações, em prestar serviços públicos mais elementares, ou mesmo em garantir a ordem e o respeito às leis. Abre-se, assim, um vácuo para que outros setores participem. Embora o papel do Estado seja primordial e muitas vezes insubstituível na gerência das questões sociais, ele tem se mostrado insuficiente.

Quanto aos indivíduos, sem dúvida, poderiam desempenhar papéis importantes, mas suas ações podem ser de pouca abrangência e seu alcance acaba por ser pontual. Na verdade, no Brasil o exercício da cidadania ainda é precário.

Parece-me, então, que neste cenário pode-se pensar que as organizações acabam tendo importante função de complementaridade ao Estado. Elas agem, por exemplo, no ambiente, têm poder sobre este, sendo assim, podem também ser responsabilizadas pelo seu desenvolvimento e não apenas pela extração das condições de sua sobrevivência. O setor empresarial brasileiro acaba tendo condições privilegiadas de intervir na sociedade, uma vez que possui capacidade de mobilização, poder econômico e político. Ele passa a poder ser responsabilizado pelos problemas sociais, ambientais e acaba tendo potencial para desenvolver ações passíveis de serem replicadas por outros atores sociais.

Hoje sabemos que o homem é capaz de destruir a si próprio e ao planeta. Para lidar com isso, o filósofo Hans Jonas propõe uma nova ética, uma ética que se funda e acontece para além dos limites do ser humano, isto é, que afeta a natureza das coisas extra-humanas.

Acrescento que isto valerá tanto para nós, como indivíduos, como para as organizações enquanto um conjunto de indivíduos buscando um objetivo comum. Produzir ou oferecer serviços é inerente ao próprio negócio, mas como fazê-lo e quais os seus desdobramentos no ambiente devem ser urgentemente questionados. Penso que este conceito de ética esbarra na chamada responsabilidade social das empresas e no que hoje podemos chamar de Desenvolvimento Sustentável. Segundo o relatório de Brundfland de 1987, o desenvolvimento sustentável é um processo de transformação no qual a exploração dos recursos, a direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional se harmonizam e reforçam o potencial presente e futuro, a fim de atender às necessidades e aspirações futuras. O desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das gerações futuras atenderem suas próprias necessidades, isto é, não podemos colocar em risco nossa perpetuação conforme apontado por Hans Jonas.

Apesar de sabermos que várias empresas acabam tendo um grande poder em relação ao ambiente em que atuam, isso não significa necessariamente que seus gestores formulem perguntas acerca do possível impacto da sua empresa no ambiente natural e social. Buscar as implicações políticas e práticas de suas ações, questionar sua responsabilidade social torna-se um caminho possível para ações mais éticas dos gestores, impactando em ações de responsabilidade social das empresas.

O que é Responsabilidade Social das Empresas (R.S.E.)?

O conceito de Responsabilidade Social surge de forma mais sistemática, mas ainda muito limitada, nos anos 50 e 60 na França e Estados Unidos, segundo autores como Ashley (2002) e Melo-Neto e Froes (1999). O que se buscava neste momento era a manutenção da legitimidade das atividades da empresa, da gestão da sua imagem e sua visibilidade no mercado.

Mas esse conceito de Responsabilidade Social veio sofrendo mudanças para responder aos desafios que foram se apresentando no ambiente interno e externo às organizações. Conforme discutido por John Schermerhorn (1999), de uma maneira mais ampla, Responsabilidade Social diz do grau de comprometimento da empresa com seus vários Stakeholders. Esse conceito se torna complexo quando pensamos que não há uma determinação do “grau de comprometimento” das empresas; há uma liberdade de criação e da flexibilidade dessas ações.

O que se pode pensar é que lucro e ações sociais não são antagônicos; ao contrário, a competência organizacional é reconhecida também pela abrangência e pela complementaridade das ações e dos resultados que concretizam sua gestão. Avaliar e pensar os impactos da organização na sociedade e suas possíveis contribuições para uma sociedade mais justa se tornam fundamentais.

Dentre as várias ações de R.S.E. destacam-se: cultura, educação, esporte, lazer, meio ambiente, saúde, urbanização e as próprias políticas de recursos humanos.

*Adaptado de "Cultura é atitude: Responsabilidade Social e Cultura!", publicado originalmente em Estação do Saber. Texto integral disponível em Saber.

**Mestre em administração (UFMG), administradora (UFMG) e psicóloga (FUMEC-MG), professora universitária em cursos de graduação e pós-graduação, pesquisadora das ações de ética e responsabilidade social das empresas mineiras e consultora organizacional.

Globalização e crise

Desenvolvimento local: crise e oportunidade*

Ladislau Dowbor**

Vivemos sob o signo da crise da globalização. Entre incredulidade de uns e pânico de outros, um sistema desmorona. Um ministro chinês comenta que “os professores têm alguns problemas”. Em Wall St., populares ostentam um apelo significativo para os que lembram de 1929, quando executivos se suicidavam lançando-se do alto dos prédios: portam cartazes exortando-os a pular. Torna-se óbvio que estamos frente a um Bretton Woods II, ou seja, diante de uma reformulação geral do sistema planetário de regulação econômica e financeira.

O epicentro da crise está sem dúvida nos Estados Unidos. O governo tem uma dívida de US$ 10 trilhões, resultado previsível de uma direita que quis ao mesmo tempo reduzir os impostos e abrir frentes de guerra. O país importa quase US$ 1 trilhão a mais do que exporta, ou seja, vive do consumo de bens produzidos em outros países, acumulando um gigantesco déficit de balança comercial. A população, que ostenta uma média de 8 cartões por pessoa, gasta 36% da sua renda com juros, e está atolada. Este é o pano de fundo sobre o qual as grandes instituições de intermediação financeira se permitem lançar movimentos especulativos com dinheiro que não possuem. Não é, como bem escreve Herman Daly, falta de liquidez, e sim excesso de liquidez podre, sem nenhuma base de economia real.

Porque isso é importante para o desenvolvimento local? Simplesmente porque já não há ilhas no planeta (salvo, é claro, os paraísos fiscais), e todos iremos sofrer as conseqüências. Em rodadas de discussões que temos tido com os novos prefeitos eleitos, a preocupação com a situação financeira internacional apareceu regularmente. Há municípios profundamente dependentes de um só produto de exportação: é natural que se preocupem, pois a desordem financeira mundial está desorganizando as próprias atividades produtivas, reduzindo a dinâmica das exportações. É o momento sem dúvida de buscar diversificar o perfil de produção.

Mas a crise que ameaça os processos produtivos em muitos municípios também se dá no contexto dos quase seis anos de governo Lula, em que houve um amplo esforço de ampliação do mercado interno. O aumento de empregos foi da ordem de 10 milhões, o poder de compra do salário mínimo subiu mais de 30%. Quase 95% dos reajustes salariais têm sido acima da inflação, representando ganhos reais. Somem-se 45 milhões de pessoas no programa bolsa-família, e os recentes dados da PNAD sobre a migração de milhões de pessoas das classes D e E para a classe C ficam perfeitamente compreensíveis. Em outros termos, houve uma “interiorização” do processo de desenvolvimento, o que reduziu fortemente a vulnerabilidade externa.

O desenvolvimento local tem de buscar assim transformar a crise em oportunidade, conforme me sugeria recentemente Ignacy Sachs. A forma mais evidente de se escapar das turbulências externas, é aproveitar a tendência de expansão do mercado interno. O Brasil, com a imensa concentração de renda herdada, apesar dos avanços recentes, tem um grande horizonte de consumo reprimido, e se trata de bens cuja tecnologia dominamos, e temos capacidade instalada (e ociosidade) suficientes para responder rapidamente a esta demanda. E com o volume do crédito no país em torno de 39% do PIB, temos muito espaço para expansão, tanto por volume como por redução dos juros médios ao tomador, hoje escandalosos.

O que isto implica para o desenvolvimento local, portanto, é aproveitar a onda das políticas governamentais de um lado – inclusive com o potencial que representa o recente programa Territórios da Cidadania – e a ameaça da crise por outro, para buscar uma dinâmica de desenvolvimento cujo eixo é bastante evidente: expandir as políticas distributivas, aprofundar o mercado interno, permitindo que as pessoas da base da pirâmide tenham acesso a bens que lhes são necessários, e dinamizando ao mesmo tempo a conjuntura para ajudar as empresas.

As soluções do global nem sempre estão lá em cima.

*Adaptado de Desenvolvimento local: crise e oportunidade, publicado em Expo Brasil Desenvolvimento Local. Artigo completo em Expo.

**Doutor em Ciências Econômicas pela Escola Central de Planejamento e Estatística de Varsóvia, professor titular da PUC de São Paulo e consultor de diversas agências das Nações Unidas. É autor de “O que é poder local?” (Ed. Brasiliense), “Democracia Econômica”, “A Reprodução Social: propostas para uma gestão descentralizada” (ed. Vozes).

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Desenvolvimento Sustentável

CRA/RJ dá posse aos componentes da
Comissão de Desenvolvimento Sustentável*


Com o cenário mundial que já sofre com o aquecimento global e a crescente destruição da natureza, dentro das empresas e instituições modernas um assunto está em voga: o Desenvolvimento Sustentável. Para refletir, estimular práticas que viabilizem o crescimento sustentável, integrar o Desenvolvimento Sustentável ao Planejamento Estratégico das empresas e conscientizar os coordenadores de cursos de Administração e autoridades sobre a relevância de sua aplicação nas Instituições de Ensino Superior, o CRA/RJ criou sua Comissão de Desenvolvimento Sustentável. Para concretizar tais objetivos, foram definidos os nomes de seus membros, que formam empossados na Reunião Plenária do dia 25 de novembro de 2008.

A Comissão irá se reunir semanalmente, em horário e local a definir, para debater e apresentar soluções sobre o tema. Veja abaixo quem são os Administradores e Administradoras da Comissão de Desenvolvimento Sustentável do CRA/RJ:

Adm. Aldemir Motta Borges Junior
Adm. Daniel Roedel
Adm. Elizabeth de Souza
Adm. Francisco Carlos Santos de Jesus
Adm. Franklin José Flávio Júlio de Villa Nova Vieira Maciel Junior
Adm. Jorge Augusto de Lacerda
Adm. Jorge Bezerra
Adm. Marcelo Pereira Marujo
Adm. Mariana de Almeida de Barros
Adm. Mônica Roberta Aparecida da Silva
Adm. Paulo Pizão
Adm. Roberto Rosa Olivella
Adm. Tanya Linda Rothgiesser

*Extraído do site do CRA. Para acesso à notícia clique em Administrador.

Nossa opinião

Foi com satisfação que recebemos a notícia e o convite para que o nosso diretor, Daniel Roedel, participasse da comissão. Entendemos que hoje o desenvolvimento sustentável é tema obrigatório na orientação estratégica de empresas e países, além de conteúdo essencial na formação do Admininistrador. A firme iniciativa do Conselho Regional de Administração o coloca alinhado à vanguarda na reflexão e proposição de ações que promovam o desenvolvimento econômico, social e ambiental, com forte compromisso na preservação da qualidade de vida para as gerações futuras. O êxito do trabalho da comissão poderá significar um importante passo para o amadurecimento da profissão do Administrador, que com freqüência se vê obrigado a buscar em outras áreas de conhecimento referências para a tomada de decisões em situações complexas e que exijam reflexões além da técnica e das ferramentas comumente divulgadas e utilizadas na Administração.

Cultura

Cultura é atitude: Responsabilidade Social e Cultura! - parte I*

Júlia Andrade Ramalho-Pinto**

Desde a invenção da máquina a vapor por James Watt (1776) e sua aplicação à produção industrial, mudou a concepção de trabalho, alterando a estrutura social e comercial a partir daquela época. No início do século XIX as mudanças se aceleraram e, em menos de um século, passamos a ter uma nova ordem política, econômica e social. Esse período, caracterizado como Revolução Industrial, se iniciou na Inglaterra e se alastrou por todo o mundo. Pode-se dizer que foi um período de uma maior especialização e fragmentação do trabalho, simplificação das operações de produção, buscando-se uma maior produtividade e aumentando o controle sobre a produção. Nesse período os chamados economistas liberais (James Mill, David Ricardo, Adam Smith) iriam sustentar a tese que a atividade econômica devia se afastar da influência do Estado, tornando a livre concorrência o postulado principal do liberalismo econômico que viria prevalecer até os dias de hoje.

Hoje vivemos numa sociedade que apresenta um impasse: a economia de mercado não cumpriu sua promessa de garantir um sistema de trocas razoável, e nem todos que participam do mercado têm a mesma força competitiva. Segundo o sociólogo italiano Domenico de Masi (1999), os dois grandes modelos econômicos que se confrontaram no século XX não ofereceram soluções para uma sociedade mais justa, isto é, o capitalismo demonstrou saber produzir riqueza, mas não como distribuí-la; enquanto o comunismo demonstrou saber distribuí-la, mas não produzi-la. O século XX não terminou bem, pois há uma enorme concentração de renda, os problemas sociais são de dimensões extraordinárias, com desigualdades agudas, além dos problemas ambientais alarmantes.

Neste contexto, observa-se uma maior integração das economias de mercado, o que vem sendo chamado de “globalização”. Na verdade, não há um consenso sobre o que seja de fato a globalização e quais seriam seus desdobramentos sócio-políticos.

Segundo o jornalista Thomas Friedman, autor do Best-Seller O mundo é plano, a globalização se apresenta como a esperança de se melhorar as oportunidades. Estaríamos vivendo num “mundo plano” onde interligamos os centros de conhecimento ao longo do planeta e, tecendo uma rede global única, criando, assim, a oportunidade para que surja uma era notável de prosperidade, inovação e colaboração entre empresas, comunidades e indivíduos.

Contrariamente a esta visão, o sociólogo e cientista político José Luís Fiori (1997) acredita que a natureza do processo de globalização é desigual e descontínua. A globalização não é uma resultante exclusiva das forças de mercado, não é um fenômeno universal, inclusivo e homogenizador. Na verdade, o processo de globalização, já em marcha, tem mostrado que não foi capaz de distribuir riquezas, mas, ao contrário, concentra benefícios, não havendo uma fragmentação eqüitativa destes entre os vários participantes deste mercado globalizado. Embora a globalização seja um fato, ela é tudo menos global neste sentido de inclusão, ao contrário, ela tem sido parceira inseparável de um aumento gigantesco da polarização entre países e classes do ponto de vista da distribuição da riqueza.

Diante do fato do processo desigual e concentrador de renda, as Nações Unidas tem procurado um modelo alternativo de desenvolvimento que vá além do progresso econômico. Apenas discutir o avanço econômico é insuficiente diante tantos problemas que este modelo vem trazendo para os países e para o meio ambiente. Desde a conferência das Nações Unidas sobre meio ambiente e desenvolvimento em 1992, na chamada agenda 21, foram estabelecidos os princípios de um desenvolvimento sustentável. Hoje, além da economia, os países discutem a interação das dimensões sociais, ambientais e institucionais na busca do o desenvolvimento sustentável.

E o Brasil?

Em 2005, as Nações Unidas elaboraram um relatório sobre o Brasil apontando seus principais desafios frente ao desenvolvimento sustentável (Desafios do Brasil, 2005). Entre os países participantes da ONU, somos a 5a maior população do mundo, temos o 14o maior PIB (Produto Interno Bruto) e o 63o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). O Brasil não é um país pobre, mas injusto e desigual.

Neste sentido, continuamos dentro do que vem acontecendo no mundo: produção de riqueza sem distribuição, ao contrário, com concentração.

Para monitorar alguns aspectos do desenvolvimento sustentável em nosso país, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2002, elaborou um relatório destacando alguns aspectos como: dimensão social, dimensão ambiental, dimensão econômica, dimensão institucional.

Para abordar a relação do tema desenvolvimento sustentável e responsabilidade social, alguns pontos da dimensão social devem ser ressaltados, como: educação e renda.

Dimensões sociais da participação cultural, ou cultura e desenvolvimento sustentável, não fazem parte do relatório de indicadores de desenvolvimento sustentável do IBGE. Podemos perguntar qual a importância da participação cultural para o desenvolvimento de um país?

Observa-se que um número significativo de países e organizações internacionais vem dedicando crescente atenção à produção de conhecimento sobre as especificidades e potencialidades das atividades diretas e indiretamente ligadas à cultura, em termos de valor adicionado, emprego, renda, receitas e demais variáveis socioeconômicas. Desde 1970, a França foi um dos primeiros países a incluírem a cultura no plano de metas nacional, enquanto Estados Unidos e outros países membros da Unesco vêm incorporando a cultura em suas estratégias de desenvolvimento social e econômico.

Nesse contexto de desenvolvimento, nosso país tem encontrado dificuldades de coordenar suas ações e muitas vezes acabam faltando recursos diante de tantos desafios de desenvolvimento da sociedade. Assim, as empresas, que participam e se desenvolvem através do mercado, têm sido chamadas a se responsabilizar pela sua participação nessa nossa sociedade. Contudo, o que se observa ainda é pouca preocupação por parte destas com o ambiente externo em que atuam. Verificamos que muitas degradam o meio ambiente, outras abusam da força de poder explorando o trabalho infantil e das mulheres, etc.; elas acabam não se implicando com a realidade da sociedade na qual estão inseridas e onde geram seus lucros. Na ausência de uma auto-regulação tanto no plano econômico quanto no plano social, as empresas que têm poder para agir em prol do desenvolvimento sustentável, muitas vezes, acabam não o fazendo.

Mas porque as empresas deveriam se envolver com os problemas sociais?

*Adaptado de "Cultura é atitude: Responsabilidade Social e Cultura!", publicado originalmente em Estação do Saber. Texto integral disponível em Saber.

**Mestre em administração (UFMG), administradora (UFMG) e psicóloga (FUMEC-MG), professora universitária em cursos de graduação e pós-graduação, pesquisadora das ações de ética e responsabilidade social das empresas mineiras e consultora organizacional.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Gerencialismo

A vida como extensão da empresa - final*

Thomaz Wood Jr.**

A partir dos anos 1980, o gerencialismo sofreu forte impulso, decorrente da adoção das chamadas políticas neoliberais. O movimento, como se sabe, teve início no Reino Unido e nos Estados Unidos. Pontificando sob um país decadente, a primeira-ministra Margaret Thatcher apostou seu mandato na recuperação de valores vitorianos de trabalho duro, motivação, ambição criativa e independência, adaptando-os ao momento. Do outro lado do Atlântico, Ronald Reagan cruzou o desfiladeiro que partia da depressiva Era Carter, buscando a salvação no individualismo e no empreendedorismo.

O novo humor alimentou e foi alimentado pela adoção de políticas neoliberais. Cada um em seu nível de atuação, eles se casaram, se complementaram e iniciaram uma feliz vida a dois. O gerencialismo estava para as empresas e para os indivíduos assim como o neoliberalismo estava para as instituições e para os países. Reformado pelo humor emergente, o gerencialismo passou a ser visto como a melhor resposta aos desafios da globalização, senão a única resposta para evitar o declínio econômico de empresas, de regiões e de países. Seus valores, modelos e técnicas migraram rapidamente do Reino Unido e dos Estados Unidos para outros países desenvolvidos e, então, para a Europa do Leste, Ásia e América Latina.

Empresas e governos abraçaram rapidamente o novo credo. Cinco princípios compuseram um ideário que rapidamente se consolidou: primeiro, a crença inabalável na liberdade de mercado (o retorno da “mão invisível”). Segundo, a visão dos indivíduos como empreendedores de si mesmos (you Inc., copiado no Brasil como Você S.A., que se tornou título de revista de auto-ajuda). Terceiro, o culto da excelência como meio para o desenvolvimento individual e coletivo. Quarto, a crença de que as tecnologias gerenciais são válidas em todas as latitudes, longitudes e altitudes. E quinto, que estas mesmas tecnologias gerenciais, por suas qualidades (e também por seus poderes mágicos) são capazes de garantir os melhores resultados para as empresas.

Com o tempo, o novo humor ganhou status de credo, e este organizou uma igreja em torno de si. A sustentá-la, três vistosos pilares: as empresas de consultoria, as escolas de negócios e a mídia de negócios. Cada um destes pilares contribuiu, à sua maneira, para o aperfeiçoamento do novo credo. Abençoados na união, os componentes desta sagrada trindade cresceram e se multiplicaram.

Pindorama absorveu o novo credo com algum atraso, porém abraçou-o com vigor de noviço. Como em outros países, aqui também o grande impulso veio das reformas econômicas neoliberais. Desde o início do século XX, a condução da economia local foi marcada pela falta de apreço à ortodoxia. No entanto, no fim dos anos 1980 e início dos 1990, o Brasil passou a liberalizar a economia e a seguir as cartilhas recomendadas pelos organismos internacionais. As mudanças decorrentes – os programas de privatização, o movimento de fusões e aquisições, o aumento da competição entre empresas e a terceirização – geraram, como em outros países, forte demanda de serviços de consultoria e educação, e contribuíram para criar um terreno fertilíssimo para o avanço do novo credo.

Consultores, educadores e editores responderam prontamente à nova demanda. As maiores empresas mundiais de consultoria aqui se instalaram ou, se já instaladas, aumentaram seus quadros e ampliaram suas atividades. Durante toda a década de 1990, a indústria do conselho instigou corações e mentes a abraçar as novas ondas gerenciais que iam surgindo no horizonte. As escolas de negócios também cresceram vertiginosamente. Um de seus mais vistosos produtos, o MBA, foi associado a propriedades mágicas, como um passaporte capaz de levar seu titular para posições de destaque no topo da pirâmide corporativa. A mídia de negócios não ficou atrás. Ela cresceu e prosperou, traduzindo, adaptando e criando incansavelmente novos títulos.

A mídia de negócios é, aliás, o melhor ponto de observação do novo humor e do novo credo. O leitor que se dispuser a um breve mergulho nas revistas e nos livros de gestão notará facilmente a homogeneidade de conteúdo e estilo. Como uma companhia teatral de peça única e carreira ininterrupta, a mídia especializada replica edição após edição, livro após livro, seus conteúdos. Aqui e ali, pequenas adaptações e mudanças, apenas para garantir o sabor de novidade a um modelo que é considerado um grande sucesso.

No teatro corporativo retratado na mídia, o palco é sempre o mundo globalizado, habitado por empresas transnacionais e profissionais cosmopolitas. Os personagens são freqüentemente gerentes heróis que, por seus feitos extraordinários, transformam-se em celebridades. Suas realizações são validadas por experts acima de qualquer suspeita, gurus da consultoria ou professores de grandes escolas de negócios. As sagas são narradas à moda das fábulas infantis, temperadas com grandes desafios e impressionantes vitórias. Não há espaço para ambigüidades e meios-tons: certo e errado, bom e ruim, superior e inferior. Paradoxos e contradições não existem e o pragmatismo resolve todos os dilemas: “Vivemos em um mercado livre e vitorioso, de destino irreversível, no qual as empresas buscam constante renovação para se manterem competitivas, e seus funcionários devem pensar e agir como empreendedores autônomos e responsáveis”.

Como em toda igreja, também no templo do gerencialismo uma prática de cultos se estabeleceu. Em lugar de padres e sacerdotes, subiram ao púlpito gurus e curandeiros. Em lugar de elegias e preces, passaram a ser compilados e disseminados pungentes testemunhos de sucesso empresarial. Em lugar de histórias de redenção individuais, foram identificadas histórias de redenção empresarial. Pouco pão e muito circo. Para manter o público em contínuo êxtase, foram adicionados gurus locais aos já renomados, porém algumas vezes envelhecidos, gurus estrangeiros. Para adornar os templos, foram providenciados ícones, ídolos recém-canonizados, por façanhas reais ou fabricadas, à frente de grandes corporações.

Embora o novo credo seja único, monolítico, seus cultos são sempre renovados. Os sacerdotes do gerencialismo estão sempre próximos de seus fiéis. Eles, na verdade, confundem-se com seu rebanho. Consultores aperfeiçoam permanentemente seus modelos e ferramentas durante os projetos realizados nas empresas. Jornalistas mantêm amplas redes de contatos, das quais extraem as “últimas novidades”, editando-as e dourando-as para seu público. Professores, em cursos executivos, ensinam tanto quanto aprendem com seus estudantes.

Sólida, a nova igreja avançou firme e forte na troca de milênios. Ela passou quase incólume pelo estouro da bolha da internet e, em Pindorama, superou com tranqüilidade o avanço da estrela vermelha. Acreditou na onisciência, na inevitabilidade das eternas forças do mercado. Não se abalou. Apostou na neutralidade, reformou aqui e acolá seu discurso e seguiu imperturbável seu curso. Alguns gurus perderam sua aura, mas foram prontamente substituídos. Algumas modas feneceram, sob o peso de seu fracasso, mas outras rapidamente surgiram.

O novo humor e o novo credo ultrapassaram as fronteiras da economia e dos negócios. Avançaram pelos órgãos de governo, pela educação, pela saúde e pelas artes. Sua presença é discreta, porém visível. Empreendedorismo, sucesso e carreira são hoje temas recorrentes nos jornais, nas revistas semanais e até nas publicações femininas. As revistas de celebridades e as revistas de negócios tornaram-se primas próximas, a partilhar valores e estilos, e, eventualmente, editores e jornalistas.

Jovens vestibulandos hoje tomam decisões de escolha de carreira com base na avaliação futura do mercado e em conceitos de retorno sobre o investimento. Profissionais recém-formados sentem-se cada vez mais atraídos por ganhos rápidos no mercado financeiro. Em todas as faixas etárias, cresce o fascínio por criar negócios, tornar-se executivo ou empresário. A paixão pela carreira (rápida) substituiu a paixão pelo trabalho (sério). A conversa de negócios segue invadindo a vida social, as rodas de amigos, as relações.

Talvez tenhamos de aceitar a chateação como efeito colateral associado ao progresso econômico. Ou, quem sabe, tenhamos apenas de esperar pacientemente até que seu ciclo se complete e um novo humor lhe tome o lugar. E desejar que seja menos aborrecido do que o atual.

*Extraído de Carta Capital. Para ler o artigo completo clique em Gerencialismo.

**Professor da FGV-Eaesp. É autor dos livros Gurus, Curandeiros e Modismos Gerenciais (Atlas) e Organizações Espetaculares (Editora FGV).

Empreendedorismo

Situação do empreendedorismo corporativo no Brasil*

Marcos Hashimoto**

Recebi recentemente os resultados de uma ampla pesquisa realizada com executivos de grandes empresas como IBM, Vale, Banco do Brasil e Odebrecht sobre o nível de empreendedorismo dentro das organizações. As respostas nos dão uma idéia do estágio que nossas organizações se encontram no caminho para promover uma cultura efetivamente intra-empreendedora. Foram mais de 50 entrevistas e 500 questionários respondidos. Eis abaixo as principais conclusões:

1. As empresas não sabem o que é empreendedorismo corporativo. A maioria acha que um programa que promova as idéias dos funcionários é empreendedorismo corporativo. Não é. Pode até ser uma etapa importante, mas ser empreendedor vai além de trazer boas idéias. Envolve, sobretudo a capacidade de transformar estas idéias em realidade e, de uma forma contínua e sustentável garantir o fluxo de geração de idéias e sua implementação com o tempo. A rigor, o funcionário que não contribuiu com idéia nenhuma, mas pegou a idéia de outro e a implementou é até mais empreendedor do que aquele que teve a idéia.

2. As lideranças representam o maior empecilho ao surgimento do intra-empreendedor. Os supervisores não se sentem à vontade com funcionários empreendedores. Não estão preparados para liderá-los, pois este tipo de funcionário requer outro tipo de atenção. Eles incomodam, põem o dedo na ferida, questionam tudo, são eternos inconformados, são ousados além dos padrões, não gostam de rotinas. Liderá-los é um desafio constante que poucos estão dispostos a enfrentar. O resultado é que estes funcionários não duram muito tempo na empresa: Ou a abandonam em busca de organizações que possam lhe ceder o espaço de que precisa ou são sumariamente demitidos pelos supervisores que os vêem como ameaça.

3. As amarras da burocracia continuam representando grandes barreiras à inovação corporativa. Quanto mais complexa for a organização e, entendam complexidade como a combinação entre dados como número de funcionários, número de produtos e unidades de negócio, uso de tecnologia, amplitude de cobertura geográfica, idade e número de níveis hierárquicos, maior é a chance de se valorizar mais os processos e controles do que o negócio em si. Organizações intra-empreendedoras conseguem inverter esta relação e dão liberdade para superar barreiras burocráticas para idéias que se mostrem viáveis e relevantes.

4. Persistência do paradigma de que a inovação ou novas idéias vêm do topo da hierarquia ou dos laboratórios de P&D. Muitas empresas acreditam que a inovação só pode ser de natureza tecnológica e portanto apenas os laboratórios podem concebê-la. Muitas empresas acreditam que as iniciativas inovadoras só podem vir de quem conhece bem o negócio como um todo, ou seja,

5. Organizações que promovem o intra-empreendedorismo têm em comum um empreendedor no principal cargo. Mesmo que a gerência nos níveis intermediários não estimule o comportamento empreendedor, quando a alta liderança, na figura do fundador ou do presidente, tem perfil empreendedor, a tendência é que ele consiga expandir esta cultura pirâmide abaixo. Esta constatação comprova o fato de que a atitude empreendedora envolve mudanças culturais e que estas mudanças só acontecem de cima para baixo na hierarquia.

6. O setor de atuação da organização influencia na sua capacidade intra-empreendedora. Empresas que pertencem a setores mais dinâmicos e sujeitos a influências externas precisam ter mais flexibilidade e adaptabilidade em seus processos internos para serem competitivas, como empresas de tecnologia ou telecomunicações. Empresas que têm alta dependência de capital intelectual como bancos e consultorias possuem funcionários mais disputados no mercado de trabalho e, portanto, precisam criar mais atrativos para manter seus melhores talentos, sobretudo aqueles de perfil empreendedor.

7. Empresas de capital predominantemente nacional têm uma tendência maior de desenvolver uma cultura intra-empreendedora do que multinacionais. Isto se deve ao fato de que subsidiárias de empresas estrangeiras instaladas no Brasil têm um grau reduzido de liberdade e autonomia para tomar decisões locais. Não existe intra-empreendedorismo sem que os funcionários possam ousar e quebrar regras que impeçam o aproveitamento de uma oportunidade. Muitas empresas de capital estrangeiro dependem da matriz e tem suas ações limitadas pela centralização de decisões.

8. Forte cultura de penalização do erro. Ainda é predominante nas empresas brasileiras. Não é permitido errar. A premissa do empreendedorismo é que toda inovação é passível de falhas e erros justamente porque é inovador, ou seja, ninguém fez ainda. A intolerância ao erro faz com que o funcionário se sinta inibido de tentar coisas novas, experimentar algo diferente. Encarar o erro como parte importante do processo de aprendizado ainda é raro nas empresas.

Com isso, podemos concluir que, em uma escala de 1 a 4, em que 4 é a organização intra-empreendedora e 1 é uma organização tradicional, a maior parte das empresas brasileiras que se dizem intra-empreendedoras poderia ser classificada como estando no estágio 2. Neste caminho estas organizações ainda precisam agir para dar mais liberdade dirigida a seus funcionários, precisam saber identificar, atrair, reter e desenvolver pessoas com perfil empreendedor, precisam aprender a correr riscos e assumir o erro como parte do aprendizado, precisam aprender a destruir o antigo para dar espaço ao novo, precisam, enfim, adotar uma nova postura livre dos paradigmas das melhores práticas e da melhoria contínua para romper com padrões e estabelecer novos patamares de competitividade através da capacidade de pensar diferente, pensar como dono do negócio, pensar no futuro.

*Extraído de Administradores. Para acesso ao site clique em Hashimoto.

**Mestre em Administração pela EAESP/FGV, professor da Business School São Paulo.

Nossa opinião

Recentemente publicamos neste blog três artigos retratando nossa opinião acerca do empreendedorismo nas empresas privadas, empresas públicas e no Terceiro Setor. Para acessar os artigos na seqüência em que foram publicados clique em Empreendedorismo.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Gerencialismo

A vida como extensão da empresa - parte I*

Thomaz Wood Jr.

O humor é um conceito geralmente aplicado aos indivíduos. Dizemos, de nossos pares, que são bem-humorados, que têm senso de humor ou que estão de mau humor. O conceito de humor também pode ser aplicado, correndo-se certo risco de fazer generalizações indevidas, a países. Se aceitarmos tal risco, então podemos afirmar que nosso instável país já experimentou vários humores. Pindorama já teve a alcunha de tristes trópicos, local de exílio e desterro, já foi a varonil nação do futuro, a terra ufanista do “ame-o ou deixe-o” e o eufórico e barulhento país do carnaval.

Nos anos 1980, nosso humor mal resistiu às más notícias do front econômico. Flertamos com a depressão (depois da recessão), tornamo-nos violentos e quase enterramos nossa combalida cordialidade. Na década seguinte, nosso humor sofreu com as turbulências das mudanças econômicas, perdemos nossas ilusões políticas e ficamos mais céticos. Agora, por obra da providência divina e do mercado de commodities, vivemos um interlúdio bem-aventurado, catalisado por boas- novas, milagrosamente enfileiradas e cuidadosamente exploradas. Aqui e acolá, tentam nos convencer de que nunca fomos tão felizes.


A nação pindoramense abraçou, desde meados da última década, um novo humor, um humor catalisado pela adoção da cartilha neoliberal na economia e pela ascensão do gerencialismo no mundo das empresas e do trabalho.


Como noutras plagas, o novo humor incentivou o individualismo, transformou reclusos executivos em celebridades e incentivou profissionais a se verem como marcas de sabão, a serem incessantemente promovidas e vendidas, pela melhor oferta, no mercado de trabalho. E não ficou por aí. O novo humor ultrapassou as fronteiras corporativas, ganhou as ruas, a vida social, o governo e as artes. Nada lhe escapou. Talvez ele não seja, ainda, o humor oficial, absoluto, como ao norte do Rio Grande, mas já é um humor de referência, cujos desígnios não são sequer discutidos, porque foram assimilados e tornados “naturais”.


Um antropólogo que decida passar alguns quartos de hora em um escritório executivo poderá observar in loco alguns traços curiosos do mundo corporativo. Quiçá possa até mesmo estabelecer hipóteses sobre o imaginário e o comportamento de seus habitantes. Pelas estantes e mesas, o visitante encontrará pitorescos livros de gestão e vistosas revistas de negócios. Provavelmente, se assombrará com o exotismo e a criatividade dos títulos e das manchetes. A literatura de negócios e de gestão mistura a estrutura das fábulas infantis, a liberdade criativa da ficção científica e o apelo pseudopsicológico da auto-ajuda. Os autores do ramo parecem ter especial apreço por hipérboles e metáforas. Não temem o ridículo. Alguns parecem agir sob inspiração messiânica, seguros de que serão compreendidos, e imitados, por seus rebanhos.


Qualquer gerente, ou candidato a gerente, sabe que a ascensão profissional está condicionada ao domínio de um intrincado vocabulário, um palavrório cheio de anglicismos, neologismos e siglas. Aos desavisados, as idéias parecem densas e significativas, porém os conceitos são irritantemente imprecisos, vagos. Parece ser este o segredo do encontro entre a destrambelhada oferta com a não menos destrambelhada demanda.


Alguns gestores contemporâneos apresentam comportamento maníaco-depressivo: seu humor oscila entre momentos marcados por temores e preocupações com a própria sobrevivência e momentos de euforia, marcados por sonhos de grandeza e pela elaboração de estratégias de ascensão. Muitos leitores adotam a literatura de negócios e gestão com fervor religioso. Tratam-na como guia espiritual para enfrentar chagas e oportunidades da vida corporativa.


Nem sempre foi assim. O espetáculo da vida corporativa já foi mais sóbrio, sem a apelação e a pirotecnia atuais. Há duas décadas, quem visitasse o escritório de um executivo, se depararia com um ambiente diferente do atual, com decoração mais comportada. No centro, uma mesa de madeira escura, as gavetas trancadas à chave. Ao lado, um arquivo metálico de pastas suspensas, de cor verde oliva, igualmente fechado. Junto à parede, uma estante impecavelmente arrumada, a exibir manuais técnicos e, vez por outra, biografias de Winston Churchill e do General Patton. No meio do papelório, a conferir pompa e circunstância ao ambiente, pastas, desenhos e cadernos de folhas quadriculadas, repleto de números e contas. Há duas décadas, o ocupante da alcova burocrática era um austero empresário, preocupado com problemas da linha de produção, com os controles de preço impostos pelo governo e com a inflação. Seu dia era ocupado com a leitura e análise de relatórios, a realização de cálculos.


A mudança ocorrida nas duas últimas décadas nos escritórios corporativos reflete mais do que tendências decorativas. O que ocorreu foi uma mudança de forma e conteúdo do trabalho gerencial. Faz parte do que os especialistas chamam hoje de gerencialismo, uma história ainda mais ampla e antiga, de mais de cem anos, cujos efeitos são sentidos no nosso dia-a-dia, porém nem sempre notados ou compreendidos.


O gerencialismo é usualmente entendido como um conjunto de teorias, métodos e práticas, as quais evoluem ao longo do tempo e destinam-se a garantir o melhor desempenho possível para as empresas. O gerencialismo é também visto como uma ideologia, prima-irmã do neoliberalismo, que tem na base a crença de que a aplicação de melhores ferramentas de gestão pode resolver problemas empresariais, sociais e econômicos. Seu surgimento ocorreu no início do século XX, com a criação das escolas de gestão. Nas primeiras escolas norte-americanas, o corpo de professores era formado por gente trazida diretamente das fábricas, para partilhar sua experiência prática com os pupilos. Embora parecesse um caminho natural, o expediente passou, com o tempo, a ser criticado. Até porque uma solução boa para uma empresa pode causar um desastre em outra.


A primeira tentativa de escapar dos limites do conhecimento estritamente prático e trazer ciência para a gestão se deu pela adoção dos princípios de “gerenciamento científico”, de Frederick Winslow Taylor (1856-1915), o mestre dos cronômetros e dos estudos de tempos e movimentos. Taylor foi um engenheiro obcecado por eficiência industrial, que legou ao mundo os famosos estudos de tempos e movimentos.


Também é de sua lavra o princípio da separação entre o trabalho de planejamento, realizado pelos gerentes, e o trabalho de execução, realizado pelos trabalhadores. Consta que ele próprio fracassou, em várias oportunidades, como consultor industrial. Entretanto, seus princípios e métodos perduraram, marcando gerações de administradores e fundamentando métodos de gestão nos mais variados setores de atividades. Semelhanças entre a cozinha das lanchonetes fast-food, os escritórios de empresas estatais, as linhas de montagem de automóveis e os call centers são bem mais do que coincidências.


Nas décadas posteriores, ocorreram novas tentativas para envernizar a tosca estrutura conceitual do gerencialismo e lhe conferir ar de ciência respeitável. O esforço surtiu efeito: a administração se tornou uma profissão reconhecida e popular, e o seu campo científico ganhou reputação e respeito entre outras comunidades. As escolas norte-americanas de gestão tornaram-se elas próprias grandes negócios e se espalharam pelo mundo. Comunidades de pesquisadores, inspiradas pelo modelo ianque, espalharam-se pelo planeta e geraram clones.


No entanto, não faltam crises e críticos, a denunciar a inutilidade das pesquisas científicas realizadas nas universidades e a incapacidade das escolas de preparar gestores capazes de atuar no mundo real. Outra praga que afeta o campo é o gosto dos executivos por modas gerenciais, incessantemente promovidas por consultores, jornalistas especializados e professores. Por sua vez, historiadores do gerencialismo criticam sua falsa neutralidade e o seu conservadorismo. Segundo tais críticos, além de constituir per se uma ideologia do capital, o gerencialismo teria consolidado princípios de hierarquia, planejamento e racionalidade próprios das organizações militares. Isso teria ocorrido após o fim da Segunda Guerra Mundial, com o retorno dos militares norte-americanos e sua incorporação à vida civil, havendo depois se propagado e consolidado ao longo de toda a Guerra Fria.

*Extraído de Carta Capital. Para ler o artigo completo clique em Gerencialismo.

Obama

Oxalá!*

Eduardo Galeano

Obama provará no governo que suas ameaças de guerra contra o Irã e o Paquistão não foram mais do que palavras, proclamadas para seduzir ouvidos difíceis durante a campanha eleitoral?


Oxalá. E Oxalá não caia por nenhum momento na tentação de repetir as façanhas de George W. Bush. Ao fim e ao cabo, Obama teve a dignidade de votar contra a guerra do Iraque, enquanto o Partido Democrata e o Partido Republicano ovacionavam o anúncio dessa carnificina.


Durante sua campanha, a palavra “leadership” foi a mais repetida nos discursos de Obama. Durante seu governo, continuará crendo que seu país foi escolhido para salvar o mundo, tóxica idéia que compartilha com quase todos seus colegas? Seguirá insistindo na liderança mundial dos Estados Unidos e na sua messiânica missão de mando?


Oxalá esta crise atual, que está sacudindo os cimentos imperiais, sirva ao menos para dar um banho de realismo e de humildade a este governo que começa.

Obama aceitará que o racismo seja normal quando exercido contra os países que seu país invade? Não é racismo contar um por um os mortos dos invasores no Iraque e ignorar olimpicamente os muitíssimos mortos entre a população invadida? Não é racista este mundo onde há cidadãos de primeira, segunda e terceira categoria, e mortos de primeira, segunda e terceira?

A vitória de Obama foi universalmente celebrada como uma batalha ganha contra o racismo. Oxalá ele assuma, a partir de seus atos de governo, esta formosa responsabilidade.


O governo de Obama confirmará, uma vez mais, que o Partido Democrata e o Partido Republicano são dois nomes de um mesmo partido?

Oxalá a vontade de mudança, que estas eleições consagraram, seja mais do que uma promessa e mais que uma esperança. Oxalá o novo governo tenha a coragem de romper com essa tradição de partido único, disfarçado de dois partidos, que, na hora da verdade, fazem mais ou menos o mesmo ainda que simulem uma disputa entre eles.

Obama cumprirá sua promessa de fechar a sinistra prisão de Guantánamo? Oxalá, e Oxalá acabe com o sinistro bloqueio a Cuba.


Obama seguirá acreditando que está certo que um muro evite que os mexicanos atravessem a fronteira, enquanto o dinheiro passa livremente sem que ninguém lhe peça passaporte?


Durante a campanha eleitoral, Obama nunca enfrentou com franqueza o tema da imigração. Oxalá a partir de agora, quando já não corre o risco de espantar votos, possa e queira acabar com esse muro, muito maior e vergonhoso que o Muro de Berlim, e com todos os muros que violam o direito à livre circulação das pessoas.

Obama, que com tanto entusiasmo apoiou o recente presente de 750 bilhões de dólares aos banqueiros, governará, como é costume, para socializar as perdas e para privatizar os lucros. Temo que sim, mas oxalá que não.

Obama firmará e cumprirá o protocolo de Kyoto, ou seguirá outorgando o privilégio da impunidade à nação mais envenenadora do planeta? Governará para os automóveis ou para as pessoas? Poderá mudar o rumo assassino de um modo de vida de poucos no qual se rifam o destino de todos?

Temo que não, mas Oxalá que sim.


Obama, primeiro presidente negro da história dos Estados Unidos, concretizará o sonho de Martin Luther King ou o pesadelo de Condoleezza Rice? Esta Casa Branca, que agora é sua casa, foi construída por escravos negros. Oxalá ele não se esqueça disso, nunca.


Publicado originalmente no jornal Página 12.


Tradução: Katarina Peixoto

*Extraído de Agência Carta Maior. Para acesso clique em Carta.

Educação Superior

Contra-reforma neoliberal ou democratização inadiável?*

Em abril de 2007, após um processo de debates e consultas à comunidade acadêmica, o Ministério da Educação instituiu por decreto o REUNI-Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais. A medida completa um ciclo de mudanças no ensino superior aberto pelo governo Lula, que se iniciou com programas como o PROUNI e o incentivo a políticas afirmativas de inclusão.


O REUNI tem como metas ampliar a oferta de vagas nas universidades federais, reduzir as taxas de evasão e reorganizar os cursos de graduação. Suas premissas estão expostas no documento Reestruturação e Expansão das Universidades Federais - Diretrizes Gerais, que identifica problemas como "uma concepção fragmentada do conhecimento, resultante de reformas universitárias parciais e limitadas nas décadas de 60 e 70″, que levou à incorporação de "currículos pouco flexíveis, com forte viés disciplinar, situação agravada pelo fosso existente entre a graduação e pós-graduação". Busca combater também a "excessiva precocidade na escolha da carreira profissional, além de tudo submetida a um sistema de seleção pontual e socialmente excludente".

O programa enfrenta forte oposição da ANDES, o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior. No documento PDE - O plano de desestruturação da educação superior, publicado em outubro de 2007, o sindicato acusa o MEC de desmontar "a universidade baseada na indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão", de tentar ampliar o acesso à universidade sem a correspondente ampliação dos investimentos feitos pelo Estado e de pôr em risco a autonomia universitária, ao "pressionar dirigentes universitários a aderirem a suas regras com a promessa de aumento de verbas".

Os estudantes estão divididos em relação à reforma. Grupos de oposição à UNE encamparam as críticas da ANDES e lideraram no ano passado uma onda de ocupações de reitorias, que se íntensificou à medida em que as direções das universidades federais aderiam ao REUNI. Mas depararam-se com a resistência de parcela considerável do movimento estudantil organizado.

Dois artigos publicados pelo Le Monde Diplomatique explicitam o racha. Em Ocupar a Universidade, os estudantes Vinícius Almeida, Allan Mesentier e Daniel Nunes criticam vários aspectos pontuais da reforma proposta pelo MEC, como a insuficiência de verbas e a redução estimada no número de professores por alunos. Mas acima de tudo exigem autonomia e democratização dos fóruns de decisão das universidades. "Propostas como congressos internos, plebiscitos, paridade nas instâncias e transparência na administração das instituições têm o intuito de construir projetos para as universidades fora dos marcos do REUNI e de suas metas incabíveis", afirmam os estudantes.

"Mais do que um conjunto de medidas protagonizadas pelo governo Lula, a reforma universitária é uma bandeira histórica do movimento estudantil", retruca o estudante Bruno Cava, editor do revista Enxame, no artigo A democratização inadiável. Ele acusa o movimento anti-REUNI de defender uma universidade elitista e excludente, que reproduz a concentração de riqueza que caracteriza o Brasil.

"Acusam o REUNI de ser abstrato, de não passar de promessas numa folha de papel. Não é concreto um jovem na universidade, um jovem em carne-e-osso, com uma história, que vai estar na universidade e desenvolver-se socialmente por causa do REUNI? E uma multidão de jovens - 20%, 40% ou 100% a mais nos próximos anos, graças ao decreto? Nenhuma 'revolução' prometida pela oposição pode ser mais concreta do que isso. Barrar o REUNI não é simplesmente barrar um decreto: é barrar, na realidade, esses muitos jovens" - afirma Cava.


E você, o que pensa da reforma universitária empreendida pelo governo Lula?


*Extraído de Mercado Ético. Para acessar clique em Ético.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Empreendedorismo

Considerações sobre Empreendedorismo – final

Daniel Roedel*

Além da presença no setor público, essa ênfase no empreendedorismo alcançou também o denominado Terceiro Setor. As inúmeras e complexas carências e demandas sociais têm merecido atenção de organizações não-governamentais e investidores públicos e privados, dentro de uma abordagem de responsabilidade social. Nesse caso o empreendedor social é entendido como alguém que se destaca no seu meio social, mobiliza a comunidade e viabiliza iniciativas de melhoria das condições locais, gerindo os projetos e ações dentro dos princípios de gestão praticados no ambiente empresarial privado, destacando eficiência, eficácia, efetividade, retorno do investimento, estratégias de marketing etc., porém adaptados a este setor. Ashoka Empreendedores Sociais e Rits são exemplos de mobilizações que orientam e apóiam a profissionalização das ações sociais.

Embora a iniciativa empreendedora possa trazer benefícios para os públicos a que se destina ou que impacta imediatamente, devem-se considerar algumas diferenças fundamentais entre empreender na iniciativa privada e empreender no poder público e no Terceiro Setor. O empreendedor privado visa realizar um negócio para retorno econômico-financeiro no mercado, foco de sua atenção. Nesse ambiente ele usa a iniciativa individual, assume riscos, identifica oportunidades com o objetivo fundamental do sucesso pessoal e do negócio em que atua.

Já no setor público e no Terceiro Setor o cidadão e a sociedade em geral se apresentam como focos fundamentais. Aqui, não se empreende para conquistar e manter clientes e mercados que proporcionem competitividade e sucesso para o empreendedor. O interesse dos cidadãos e dos grupos sociais são as prioridades. O cidadão é agente do processo de construção das políticas públicas e dos projetos sociais, ou seja, protagonista e não um cliente a ser conquistado e mantido. Nessas iniciativas deve existir o compromisso com a transformação coletiva da realidade da comunidade objeto do empreendimento. Nesse caso, as decisões são fundamentalmente políticas e a eficácia econômico-financeira deve estar subordinada aos resultados sociais. A perspectiva é o desenvolvimento local e, atualmente, a sustentabilidade.

Por considerar os cidadãos protagonistas desse processo, o empreendimento tem uma construção coletiva. Desse modo, o empreendedor, articula, propõe, lidera, organiza, comunica etc. Porém sua ação deve estar subordinada a uma deliberação por parte da sociedade civil organizada, dentro de uma participação efetiva de atores e instituições locais que atuando de modo integrado constroem consensos acerca do modo de desenvolvimento a ser viabilizado, conforme abordado por Tenório em sua obra Cidadania e Desenvolvimento Local (Ed. Unijuí, 2007), compondo uma esfera pública, onde essa sociedade civil organizada se torna central em seus processos participativos e decisórios.

Assim, o empreendedorismo pode ser bem-vindo ao setor público e ao Terceiro Setor.

*Diretor da Plurimus

Inteligência Competitiva

Um papo sobre Inteligência Competitiva

Alan Carneiro*

Recentemente, por indicação de um amigo, um professor, de uma notável instituição de ensino e pesquisa, entrou em contato comigo para que eu fizesse uma pesquisa e elaborasse um trabalho sobre Inteligência Competitiva. Inicialmente, relutei um pouco, pois o assunto não me era familiar, não integrava o meu universo de conhecimento, pois o meu trabalho diário se desenvolve mais no campo da Ciência Política e não do mundo corporativo. Entretanto, como achei que esta seria uma oportunidade de agregar novos conhecimentos, acabei aceitando o desafio. Infelizmente, não chegamos a um acerto financeiro para a realização do trabalho, mas eu já havia iniciado a pesquisa e me empolguei com o assunto. E é sobre este tema que vou tratar neste artigo. Este é o resultado parcial da pesquisa.

Mas o que é inteligência competitiva? Quando ela surgiu? Para que ela serve? Como você poderá lidar com ela no mundo corporativo? Qual a sua importância numa empresa? Como as empresas devem agir diante das oportunidades ou de uma ameaça? As respostas a estas e outras questões serão encontradas no texto a seguir.

A Inteligência Competitiva (IC) é uma atividade corporativa recente. Grandes empresas no mundo todo estão recorrendo a ela para captar e interpretar informações sobre competidores, consumidores e mercados em que atuam. Há pouco mais de dez anos, poucas empresas a praticavam, mas, atualmente, segundo estudo da Global Intelligence Alliance, a maioria das grandes corporações emprega profissionais integralmente dedicados a esta atividade e demonstra interesse em expandi-la. A IC tornou-se uma importante ferramenta para alavancar a competitividade e seu posicionamento no mercado.

Inteligência Competitiva é uma metodologia que oferece às empresas formas de coletar, analisar e gerenciar informações sobre seu ambiente externo, de maneira contínua e ética, de modo que contribuam para a elaboração de planos e para a tomada de decisões estratégicas. O seu objetivo estratégico é alimentar os principais executivos das empresas com inteligência sobre as atividades dos competidores, as preferências dos consumidores e as inovações tecnológicas do comércio e da própria indústria. A interpretação das informações permite às companhias identificar oportunidades de negócios e também antecipar o que pode ser considerado como possíveis ameaças. Para que sejam obtidos bons resultados, um dos pontos básicos é o constante monitoramento das informações. É necessário que esse trabalho seja realizado com eficácia, desde a implantação da IC na estrutura corporativa, até estratégias para melhorar o desempenho dessa atividade.

Saber trabalhar com as informações e elaborar planos estratégicos mais eficientes tornou-se essencial para o sucesso competitivo de uma empresa. É muito importante obter e gerenciar adequadamente a informação, aprimorar a sua qualidade e melhorar a capacidade de interpretá-la.

A Inteligência Competitiva, ao estabelecer programas de monitoria e análise de variados tipos de atores do mercado, como concorrentes, fornecedores e clientes, entre outros, permite que as empresas se antecipem a possíveis rupturas em seu mercado de atuação e às manobras da concorrência.

Independentemente de seu tipo ou tamanho, as organizações que utilizam, ou venham a utilizar, as ferramentas da Inteligência Competitiva têm a possibilidade de:

  • monitorar os sinais fracos do ambiente externo;
  • receber alertas antecipados sobre mudanças no cenário competitivo;
  • antecipar possíveis rupturas das tendências do mercado;
  • acompanhar e antecipar os movimentos da concorrência;
  • evitar surpresas (sobretudo em momento de crise econômica internacional, que altera as relações de mercado);
  • aproveitar antecipadamente as oportunidades e contrabalançar as ameaças;
  • formar uma massa de Inteligência Coletiva utilizável por todos os membros da organização;
  • criar, entre os funcionários, uma cultura de monitoramento contínuo do mercado e de utilização das informações dispersas pela organização.
Em suma, a Inteligência Competitiva permite que as empresas antecipem o futuro de seus mercados, tomem decisões com menor grau de risco e atuem pró-ativamente com relação às ameaças e oportunidades, ao invés de meramente reagir a elas.

Para o professor Alfredo Passos[1], é muito importante saber a estratégia necessária à implantação da IC em uma empresa, para que não crie choques com culturas organizacionais nem sempre abertas a mudanças e a novos processos de trabalho. Para tanto, afirma, é preciso “ter uma clara noção de qual tipo de inteligência a empresa necessita. Muitas empresas acreditam que qualquer atividade de mercado é tática. Por isso, em uma empresa com gestores que pensam assim, fica difícil pensar que o trabalho será estratégico e de maior alcance. É melhor sugerir um acompanhamento semanal, quinzenal ou mensal de preços da concorrência e, desta forma, começar o trabalho, do que insistir em aspectos conceituais que ninguém irá apoiar por temer o desconhecido”. E prossegue: “Quando todos buscam o curto prazo, o mais importante é como se fecha o mês e a quota, e nesta situação é preciso entender a urgência e atuar desta forma não com projetos que possam ser importantes, mas com um tempo descolado da realidade da empresa e, acima de tudo, de seus dirigentes. Em resumo, na montagem de um programa de IC, é fundamental o foco dos líderes e profissionais executores do processo em fatores como expectativa de resultado, faixa de atuação e grau estratégico. Além disso, é fundamental que seja clara e objetiva a comunicação com profissionais-chaves da empresa e com os demais colaboradores”, disserta o professor.

Para concluir, Alfredo Passos afirma que “assim como outras ferramentas de gestão, a Inteligência Competitiva tem um papel a desempenhar e pode ajudar uma empresa a crescer. Basta que se tenha um plano de ação com uma expectativa clara de resultado, e definições objetivas de como serão avaliadas as ações realizadas pela diretoria da empresa. O consenso é fundamental. Uma andorinha não faz verão em IC, assim como em outras ferramentas da gestão moderna”, finaliza o professor.

*Jornalista, um dos autores do livro A Imprensa faz e desfaz um presidente (Nova Fronteira, 1994) e autor de vários verbetes, entre os quais os de Oscar Niemeyer, Lúcio Costa e de muitas outras personalidades do mundo político publicados no Dicionário Histórico-Biográfico Brasileiro (DHBB) elaborado pelo CPDOC da Fundação Getúlio Vargas.

Nota
[1] Alfredo Passos é Professor Mestre dos Cursos de Graduação, Pós-Graduação - MBA Executivo e Cursos de Férias. Aborda temas como: Inteligência Competitiva, Planejamento Estratégico e Marketing para não Marketeiros da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM. É autor do livro Inteligência competitiva - Como fazer IC acontecer em sua empresa, pela LCTE Editora.