quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Empreendedorismo

Considerações sobre Empreendedorismo – final

Daniel Roedel*

Além da presença no setor público, essa ênfase no empreendedorismo alcançou também o denominado Terceiro Setor. As inúmeras e complexas carências e demandas sociais têm merecido atenção de organizações não-governamentais e investidores públicos e privados, dentro de uma abordagem de responsabilidade social. Nesse caso o empreendedor social é entendido como alguém que se destaca no seu meio social, mobiliza a comunidade e viabiliza iniciativas de melhoria das condições locais, gerindo os projetos e ações dentro dos princípios de gestão praticados no ambiente empresarial privado, destacando eficiência, eficácia, efetividade, retorno do investimento, estratégias de marketing etc., porém adaptados a este setor. Ashoka Empreendedores Sociais e Rits são exemplos de mobilizações que orientam e apóiam a profissionalização das ações sociais.

Embora a iniciativa empreendedora possa trazer benefícios para os públicos a que se destina ou que impacta imediatamente, devem-se considerar algumas diferenças fundamentais entre empreender na iniciativa privada e empreender no poder público e no Terceiro Setor. O empreendedor privado visa realizar um negócio para retorno econômico-financeiro no mercado, foco de sua atenção. Nesse ambiente ele usa a iniciativa individual, assume riscos, identifica oportunidades com o objetivo fundamental do sucesso pessoal e do negócio em que atua.

Já no setor público e no Terceiro Setor o cidadão e a sociedade em geral se apresentam como focos fundamentais. Aqui, não se empreende para conquistar e manter clientes e mercados que proporcionem competitividade e sucesso para o empreendedor. O interesse dos cidadãos e dos grupos sociais são as prioridades. O cidadão é agente do processo de construção das políticas públicas e dos projetos sociais, ou seja, protagonista e não um cliente a ser conquistado e mantido. Nessas iniciativas deve existir o compromisso com a transformação coletiva da realidade da comunidade objeto do empreendimento. Nesse caso, as decisões são fundamentalmente políticas e a eficácia econômico-financeira deve estar subordinada aos resultados sociais. A perspectiva é o desenvolvimento local e, atualmente, a sustentabilidade.

Por considerar os cidadãos protagonistas desse processo, o empreendimento tem uma construção coletiva. Desse modo, o empreendedor, articula, propõe, lidera, organiza, comunica etc. Porém sua ação deve estar subordinada a uma deliberação por parte da sociedade civil organizada, dentro de uma participação efetiva de atores e instituições locais que atuando de modo integrado constroem consensos acerca do modo de desenvolvimento a ser viabilizado, conforme abordado por Tenório em sua obra Cidadania e Desenvolvimento Local (Ed. Unijuí, 2007), compondo uma esfera pública, onde essa sociedade civil organizada se torna central em seus processos participativos e decisórios.

Assim, o empreendedorismo pode ser bem-vindo ao setor público e ao Terceiro Setor.

*Diretor da Plurimus

Um comentário:

Anônimo disse...

Pessoas empreendedoras, inovadoras e motivadas não só são muito bem-vindas ao TS, mas eu diria que são FUNDAMENTAIS, para fazê-lo continuar em pleno vapor e de forma cada vez mais profissional (sem perder de vista as ideologias, jamais, é claro). Simone Amorim