quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Empreendedorismo

Considerações sobre Empreendedorismo – parte I

Daniel Roedel*

O empreendedorismo tem assumido, nas décadas mais recentes, uma vitalidade como alternativa fundamental para o sucesso competitivo e a excelência na gestão. E essa presença é tão marcante que já não se limita à iniciativa privada. Hoje o empreendedorismo se tornou receita para o sucesso em empresas e órgãos públicos e iniciativas sociais, com a figura do empreendedor social (ler artigo neste blog). É comum também que grandes empresas já consolidadas no mercado estimulem o empreendedorismo interno por parte de seus empregados.

De uma abordagem inicialmente centrada nas características de personalidade e estilos adotados por empreendedores de sucesso, seu entendimento migrou para a compreensão das condições que favorecem sua existência e desenvolvimento e como esse processo de empreender se dá na prática.

De um modo geral, a inovação, a capacidade de assumir riscos, de agir de modo proativo e de superar obstáculos visando à identificação e ao aproveitamento de novas oportunidades ou a melhoria de processos e produtos existentes, são entendidas como posturas empreendedoras.

Mas por que o tema ganhou essa dimensão? Que aspectos favoreceram a onda, até mesmo salvacionista do empreendedorismo? Para alcançarmos um entendimento inicial sobre o tema é importante buscarmos alguns elementos num passado recente, e sem a pretensão de esgotar o assunto. Retornemos ao início dos anos 1980. A retomada da onda liberal por parte dos governos de Margarete Tatcher na Inglaterra e de Ronald Reagan nos Estados Unidos consolidou a vitória do liberalismo econômico sobre o Estado do bem-estar social, que marcou o período 1930-1970.

Como conseqüência imediata, ocorreu uma forte diminuição da presença do Estado nas economias dos países, uma gradativa redução de barreiras ao comércio internacional, o fortalecimento de um ambiente concorrencial em escala global e a aceleração da inovação tecnológica visando ao aumento da eficiência e competitividade, entre outros fatores.

Essa diminuição da presença do Estado na economia e na vida das pessoas foi acompanhada de profundas alterações na legislação dos países, principalmente com relação a aspectos sociais, trabalhistas e de eliminação de reservas nacionais de mercado. As empresas privadas se reestruturaram para diminuir custos, principalmente custos fixos, e a busca de uma “gestão de excelência” para o “novo” ambiente competitivo dominou a agenda de empresas, universidades e consultores.

A forte repercussão na sociedade impactou as empresas e órgãos públicos que rapidamente incorporaram o “novo” modo de administrar. E o empreendedorismo é um dos ingredientes dessa novidade.

*Diretor da Plurimus

2 comentários:

Anônimo disse...

O empreendedorismo - Ser empreendedor - é a ideologia pregnante que garante o desmonte do antigo status quo e propõe o novo. É a cola que as classes dominantes precisavam para "vender" a performance do mundo pós-moderno globalizado: inovação e foco no conhecimento. Uma sociedade volátil, consumista e que é capaz de gastar mais trilhões para recuperar bancos quebrados do investiu em toda a década para minimizar o aquecimento global e salvar o planeta. Se investiu mais em salvar o mercado financeiro do que em erradicar a fome, a doença e a falta de educação. O que podemos esperar dos nossos empreendedores globais? Talvez... tenhamos a esperança de uma mudança de paradigma advinda do mesmo empreendedorismo. Sabemos que o antítodo sai do veneno. Portanto, esperamos que isso aconteça com essa ideologia tão pregnante!
LEONOR CHAVES

Anônimo disse...

Daniel, muito bom seu texto sobre empreendedorismo!!Você deixa no leitor a vontade de acompanhar o desenrolar da sua opinião sobre o tema.

O texto do doutor Hiran, como sempre, leve de se ler e apimentatado nos posicionamentos ideológicos.

Parabéns!!Permaneçam nos alimentando de informação e conhecimento!!!