quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Sustentabilidade

Reflexões sobre o consumo responsável

Le Monde Diplomatique Brasil*

O consumo está na ordem do dia. Para o bem e para o mal. Precisamos consumir para viver. A pergunta é: o que consumimos? O que tem a ver a necessidade humana de bem viver com a atual explosão do consumo, com a cultura do que é efêmero e descartável? O consumismo tornou-se uma grande armadilha para o ser humano e para o planeta. Até que ponto o consumo responsável pode ajudar na superação da atual crise de alimentos no mundo? Não podemos separar o movimento mundial pelo consumo responsável da necessidade de uma política de segurança alimentar para todos os seres humanos do planeta. O direito à alimentação deve ser associado ao consumo e à produção sustentáveis.

Em vez de sermos meros consumidores de um modelo econômico que impõe valores e produtos, optamos por uma consciência crítica como consumidores que desejam decidir sobre o que compram e o que comem, tendo em vista as nossas necessidades como seres humanos e não as necessidades do capital e ainda, as necessidades do planeta, com base nos princípios da simplicidade voluntária, da austeridade e da sustentabilidade.

A Declaração de Ahmedabad reflete esse novo contexto. De certa forma, ela lembra um pouco a primeira versão da Carta da Terra do Fórum Global da Rio-92, um chamado para a educação para uma vida sustentável. Os debates foram dominados pela presença de um pensamento central da obra de Gandhi: “minha vida é minha mensagem”. Sem dúvida, precisamos dar exemplo, precisamos ser a mudança que pregamos. Com criatividade e imaginação precisamos repensar e mudar nossos valores, nossas escolhas e as nossas ações. A sustentabilidade precisa ser concebida a partir de outros pontos de vista. Não só a partir da noção de desenvolvimento.

Em Ahmedabad, foi muito debatido o aquecimento global. Insistiu-se que, no que se refere a esse tema, o risco é planetário, mas as soluções são locais. A questão do clima não está separada da do crescimento econômico e a questão do crescimento econômico está ligada à relação entre as nações e às demandas por cooperação, eqüidade e transparência.

Precisamos comer para sobreviver, mas, diferentemente dos animais, não nos alimentamos por puro instinto. Comer é também um ato cultural. As sociedades o transformaram num ato social. Há uma variedade enorme de alimentos e há alimentos suficientes para todos os habitantes da Terra. Falta distribuí-los eqüitativamente. A melhor escolha da comida é aquela produzida localmente e a pior é a que vem empacotada, de longe, e que produz muito mais lixo (produtos industrializados) e mais custos sociais e ambientais. Trata-se de saber, de conhecer, como os produtos que consumimos foram produzidos. Conhecer todo o sistema de produção alimentar.


As recomendações de Ahmedabad destacaram a necessidade de um “novo sentido de urgência” e de um “novo paradigma”: precisamos redefinir a noção de progresso para sermos felizes e vivermos de forma sustentável e em paz. Porque, como dizia Gandhi, “o mundo tem o suficiente para atender as necessidades de todos, mas não para a ganância de cada um”.

Essa é a temática tratada no terceiro volume da série Le Monde Diplomatique Brasil. Com o título Reflexões sobre o Consumo Responsável, essa edição traz importantes subsídios para educadores, pesquisadores, movimentos populares e demais interessados a respeito dessa discussão tão atual, urgente e necessária. As contribuições que compõem esta edição vêm de quatro articulistas franceses e três latino-americanos, um deles brasileiro.


Logicamente, o assunto não se esgota aqui. Há muitas contribuições não contempladas, há muito a ser discutido, pensado, repensado. Por enquanto, são essas as sugestões que oferecemos para incentivar e enriquecer a reflexão.


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