quinta-feira, 28 de abril de 2011

Hidrelétrica de Belo Monte

Resultado de nossa enquete: deve o governo federal investir na construção da hidrelétrica Belo Monte?

Sim. O país não pode prescindir da utilização do seu potencial hidrelétrico, mesmo que cause alguns problemas ambientais. O crescimento econômico deve ser a prioridade 6%

Sim, desde que sejam equacionados os possíveis problemas socioambientais da construção, mesmo que signifique um elevado desembolso financeiro 11%

Não. A prioridade deve ser a utilização de outras fontes de energia que respeitem o ambiente 18%

Não, porque há controvérsias sobre o verdadeiro potencial da hidrelétrica e o custo vs. benefício pode não compensar 36%

Ainda não tenho opinião formada, porque o tema está muito politizado dificultando uma análise mais consistente 29%

Nossa opinião

Entendemos que, além de polêmico, o assunto é complexo. Afinal, o país necessita de energia para sustentar o desenvolvimento e o potencial hidrelétrico de que dispomos não pode ser ignorado. No entanto, outras fontes de energia têm sido apontadas como recomendáveis a um custo ambiental menor. A possibilidade de que a relação custo vs. benefício seja desfavorável ao projeto Belo Monte (resposta de cerca de 36% dos leitores que participaram da enquete) aponta para a necessidade de transparência e ampliação da participação da sociedade civil na decisão.

O fato de o tema estar politizado para cerca de 29% dos que responderam a enquete não deve remeter a um sentimento de que existe uma solução técnica isenta de um viés político. Isto porque a técnica não é neutra. As diversas opções técnicas colocadas obedecem a posicionamentos acerca do modo de desenvolvimento a ser assumido pelo país – assunto nem sempre frequente no repertório da opinião pública. Talvez os mecanismos de comunicação com a sociedade não estejam sendo eficazes, o que dificulta em último caso o próprio exercício democrático da cidadania.

Além disso, os recentes conflitos entre empreiteiros e trabalhadores das obras do PAC (Jirau e Santo Antônio, por exemplo) reforçam a compreensão de que não basta criar projetos que estimulem o crescimento se eles deixam rastros de pesados conflitos sociais e ambientais. Crescimento e desenvolvimento não são sinônimos! Talvez, tão importante quanto a definição da matriz energética do país seja o processo de discussão na sociedade, cuja democracia ainda se constrói.

Finalmente, discussões desse tipo são urgentes, porque estamos a poucos meses da Conferência de Desenvolvimento Sustentável Rio + 20, que ocorrerá em nossa cidade no período de 4 a 6 de junho de 2012. Essa será uma oportunidade para o país se apresentar como protagonista de uma outra perspectiva de desenvolvimento. Para tanto, será preciso fazer bem-feito o dever de casa.

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