quinta-feira, 28 de maio de 2009

Responsabilidade Social


Diretor da Plurimus aborda a Responsabilidade Social
em palestras em IES


Daniel Roedel*

O tema da responsabilidade social empresarial – RSE está alcançando elevado interesse junto aos estudantes dos cursos de graduação. Recentemente fui convidado pela UNISUAM e pela SUESC para palestras sobre RSE durante a realização da semana acadêmica dessas IES.

Em minha abordagem procurei destacar o significado da responsabilidade social empresarial e três momentos marcantes de sua trajetória. De um modo geral a atenção com a RSE já se manifestava na transição da economia agrícola para a industrial, período em que predominou uma orientação liberal na economia e na vida da sociedade. A RSE era entendida apenas pela criação de empregos, pagamento de impostos e cumprimento das obrigações legais. As ações sociais eram eminentemente filantrópicas e conduzidas de modo individual por empresários ou por fundações que a patrocinavam. Esse entendimento alcança até o início do século XX.

Os desdobramentos da crise de 1929 alteraram essa orientação, impuseram limites à prática liberal e resgatou o papel do Estado como indutor da economia. A partir desse período o conceito de RSE se ampliou pelo entendimento de que a orientação do negócio visando atender apenas aos interesses dos acionistas torna-se insuficiente, sendo necessária a incorporação de objetivos sociais aos negócios, como forma de integrar as empresas à sociedade. Esse segundo momento da RSE se esgota na década de 1970, quando ocorre a retomada liberal, sob a denominação de neoliberalismo. A época foi marcada por profundas modificações no ambiente produtivo capitalista, pela rápida disseminação das tecnologias e de novos modos de gestão e por uma busca da competitividade, cada vez mais poupadora de mão-de-obra, que excluiu gradativamente do processo produtivo excedentes da população economicamente ativa. Além disso, preconizou o “enxugamento” do Estado e uma orientação fundamental para o mercado global.

Os impactos sociais e ambientais negativos decorrentes dessa prática neoliberal recolocaram, a partir dos anos 1990, a RSE na agenda da sociedade civil e do Estado, fazendo com que as empresas se reposicionassem com relação à conduta social e ambiental. Hoje a RSE é praticada por meio de apoio a iniciativas sociais, educacionais e culturais, etc e, em alguns casos, já se incorpora à gestão estratégica da empresa, embora ainda seja bastante comum se adotar ações de RSE como estratégias de marketing.

Mas afinal, o que se busca com a RSE? Em minha exposições tenho destacado o triple botton line, ou seja, o equilíbrio entre resultado econômico, social e ambiental. É a perspectiva do Desenvolvimento Sustentável ou da sustentabilidade!

Durante os eventos que tenho participado os debates são intensos e geram indagações acerca da possibilidade de construção de um outro mundo. Aproveitando o ambiente acadêmico destaco o pensamento do professor Moacir Gadotti, que entende que a “sustentabilidade é um dos temas que deverão dominar os debates educativos das próximas décadas. O que estamos estudando nas escolas? Não estaremos construindo uma ciência e uma cultura que estão servindo apenas para a degradação do planeta e dos seres humanos? A categoria sustentabilidade deve ser associada à planetaridade, isto é, uma visão da Terra como um novo paradigma”.

E então, um novo mundo é possível? Ou estamos apenas vivenciando mais uma estratégia de marketing? De minha parte, entendo que o êxito dependerá fundamentalmente do posicionamento político assumido para os próximos anos pela sociedade civil organizada.

*Diretor da Plurimus

2 comentários:

LEONOR CHAVES disse...

Caro Daniel:
Achei muito pertinente sua análise. Penso que ainda estamos vivendo um interstício entre as práticas de marketing e a real consciência da RSE. A sociedade ainda está na infância da sua co-responsabilidade com o planeta e ainda não compreendeu que para assumir compromissos com a sustentabilidade conforme preconiza o Desenvolvimento Sustentável terá que abrir mão de seu Life Stile o mais rápido possível. Novas modalidades de consumo precisam ser criadas e uma nova consciência precisa ser estabelecida, porque sem ela, não há novo mundo possível.
Parabéns pela reflexão!
Abraços,
LEONOR CHAVES

Anônimo disse...

Falar em responsabilidade social é apenas mais um modismo das empresas. O que sempre importou foi o lucro e mais lucro. A recente crise dos mercados demonstra muito bem isso. E a sustentabilidade? Como pode ter credibilidade com a prática das empresas e dos países desenvolvidos que insistem em "queimar" o planeta?
Mas acho que o artigo é importante para chamar a atenção quanto à necessidade de tratar o assunto com seriedade.