quinta-feira, 4 de agosto de 2011

O veneno está na mesa

A sociedade e o mercado

Daniel Roedel

No último dia 25 de julho, no Teatro Casa Grande, no Rio de Janeiro, foi lançado o documentário O veneno está na mesa, de Silvio Tendler. Importante alerta sobre o uso excessivo de agrotóxicos na lavoura, a produção destaca também o grande poder que os fabricantes desses denominados defensivos agrícolas exercem nas decisões políticas no país. Em nome da eficiência orientada para o mercado estamos correndo riscos na nossa saúde, precarizando as condições de produção dos pequenos agricultores e prejudicando o meio ambiente.

O tema tem sido objeto de denúncia em diversos meios de comunicação. No dia 1o de julho o jornal Le Monde Diplomatique Brasil publicou a matéria Um país infestado por agrotóxicos, de Lia Giraldo, pesquisadora do Departamento de Saúde Coletiva da Fiocruz em Pernambuco, sobre essa prática destacando que "hoje o Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo".

Na mesma linha, o portal Carta Maior publicou no dia 3 de agosto o artigo Lideramos o ranking de ingestão de venenos, de Valmir Assunção, deputado federal pela Bahia e militante do MST. O autor destaca que "diante da alta de preço das commodities, o Brasil deve ser o primeiro lugar em arrecadação nas vendas de agrotóxicos, ultrapassando os Estados Unidos". Além disso, aponta que "segundo dados da ONU, pelo menos dez variedades de agrotóxicos vendidos livremente aos agricultores no Brasil, não circulam na União Europeia e nos EUA".

Durante o debate que se seguiu à apresentação do documentário, Silvio Tendler declarou que o vídeo pode ser divulgado livremente aos interessados no assunto (para assistir ao documentário clique em Parte - 1, Parte - 2, Parte - 3 e Parte - 4).

O que parece estar em evidência é que mais uma vez a busca pela eficiência e pelos resultados econômico-financeiros estão se sobrepondo à sociedade e, até mesmo, à vida das pessoas. Uma das empresas que produzem os agrotóxicos que pulverizam as lavouras no país é a mesma que criou o agente laranja, utilizado na Guerra do Vietnã. Nesse sentido, são chocantes as cenas do documentário que apresentam crianças que nasceram deficientes naquele país.

Também é assustador o argumento de defesa ao uso intensivo de agrotóxicos apresentado por Kátia Abreu, senadora pelo estado de Tocantins e presidente da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária, que dentre outros motivos aponta o barateamento dos alimentos e seu acesso às camadas populares como justificativa dessa prática.

Recomendamos a leitura dos artigos e a divulgação do vídeo!

2 comentários:

Francisco Soriano Julivaldo disse...

Parabéns a todos vcs.
Mais que preocupados com os problemas econômicos, que não são poucos, vejo uma grande responsabilidade com as causas sociais e da saúde.
O uso demasiado e indiscriminado de agrotóxicos, o problema energético a e o impacto ambiental, foram temas já abordados e que demonstram o compromisso com o social
Saudações
Francisco Soriano

Antônio Carlos disse...

O documentário é bastante oportuno. Assisti pelo youtube e gostei muito.
Obrigado pela divulgação.