quinta-feira, 3 de março de 2011

Sustentabilidade

A CSA e os desdobramentos socioambientais II

Daniel Roedel

No dia 25 de fevereiro moradores da região de Santa Cruz estiveram com a Superintendente de Rrelações Institucionais da Secretaria Estadual do Ambiente - SEA protestando contra os problemas socioambientais causados pela operação da CSA.

Embora a SEA tenha reiterado que não concederá a licença definitiva para a operação da siderúrgica até que sejam cumpridas as exigências ambientais, o fato é que a operação teve início e vem causando esses graves problemas socioambientais. E isso leva a alguns questionamentos. Quais foram os critérios adotados para a autorização do início das atividades? Os problemas surgidos foram de fato imprevistos? Como o governo acompanhou o cumprimentos das exigências iniciais de operação?

Vale lembrar que o próprio governador do estado declarou no ano passado que a siderúrgica não causava
problemas ambientais. Em seguida multas foram aplicadas. E no dia 25 de fevereiro a empresa emitiu comunicado alertando que já utiliza tecnologias ambientais avançadas e se comprometendo a negociar com o Inea a superação dos problemas causados na região.

Esses questionamentos visam fundamentalmente tentar entender o conjunto de critérios adotados para autorizações de empreendimentos cuja natureza pode gerar impactos sociais e ambientais. É previsível que o forte apelo econômico do empreendimento e a geração de empregos diretos e indiretos a ele associados estimulem uma perspectiva otimista. Mas e as consequências que não cansam de aparecer? Será que servirão de exemplo no momento de se avaliar outras isenções fiscais e autorizações? O alerta é urgente, porque hoje o grupo Gerdau anunciou investimentos da ordem de R$ 2,4 bilhões na expansão da
Cosigua, localizada no bairro de Santa Cruz...

Aqueles que entendem a sustentabilidade como requisito fundamental para a gestão pública, privada e no denominado terceiro setor devem acompanhar se esses critérios estão sendo efetivamente aplicados de modo equilibrado. Do contrário, a questão socioambiental continuará coadjuvante dos aspectos econômicos e problemas como os da CSA não serão propulsores para uma nova conduta dessas decisões.

2 comentários:

conceição disse...

"Aqueles que entendem a sustentabilidade como requisito fundamental para a gestão pública, privada e no denominado terceiro setor devem acompanhar se esses critérios estão sendo efetivamente aplicados de modo equilibrado." Realmente, acreditamos que o "foco" precisa ser a sustentabilidade como requisito fundamental da gestão pública e este acompanhamento precisa seguir os rigores da legislação ambiental.Só assim, teremos um equilíbrio econômico sustentável e qualidade de vida (o planeta agradece).Parabéns Daniel!Conhecendo sua competência como conheço não poderia esperar que sua atuação social fosse diferente.Você é um estudioso sempre, além de ser apaixonado pelo Rio(Vasco).
Abraços
Conceição Luiz(www.basicochique.blog.com)
rscluiz@yahoo.com.br

José Sandes disse...

Vivenciei esses impactos nos anos 70, quando trabalhava em uma indústria cimenteira em Salvador-BA. Sua fumaça deixava tudo branco na Região de Paripe e Aratu. Várias reclamações e casos de infecções respiratórias, muitas queixas e brigas até o fechamento da Fábrica nos anos 90 (já com eletrofiltros e outros meios de redução de poluição). O que vimos a partir daí, desempregos, invasões, aumento de criminalidade e um bairro totalmente abandonado.

Em outra indústria no pólo petroquímico de Salvador havia um produto altamente cancerígeno (alucoque), que foi enterrado por muitos anos até que se descobriu que podia ser re-utilizado em escala industrial na fabricação de blocos. A Fábrica fechou e o que vemos, tudo igual à anterior. Portanto, é pertinente o avanço do progresso de mãos dados com o meio ambiente, com o setor de tecnologia e científico trabalhando a todo vapor, minimizando os impactos negativos, com informações claras e verdadeiras à população, com a aproximação da indústria com a comunidade, visando o avanço do País.