segunda-feira, 23 de junho de 2008

Responsabilidade Social Empresarial

Considerações sobre responsabilidade social empresarial

Daniel Roedel*

As últimas décadas vêm se pautando por profundas modificações no ambiente produtivo capitalista. Apoiada na rápida disseminação das tecnologias e de novos modos de gestão, a busca da competitividade torna-se, cada vez mais, poupadora de mão-de-obra fazendo com que excedentes da população economicamente ativa sejam gradativamente excluídos do processo produtivo.

Já na década de 1990 era apontado por Jeremy Rifkin (1995) que o declínio da oferta de emprego formal, o “enxugamento” do Estado e a predominância da orientação para o mercado global produziriam um impasse no tratamento do desemprego estrutural e dos investimentos nas questões sociais.

Como forma de atenuar os impactos negativos na economia e na sociedade, diversas iniciativas têm sido desenvolvidas, com destaque para a institucionalização do Terceiro Setor[1]. Nessa denominação, o Primeiro Setor é o governo, o Segundo Setor é a iniciativa privada, e o Terceiro Setor, resumidamente, é composto por entidades da sociedade civil, pelas organizações privadas não-governamentais e sem fins lucrativos, que geram bens e serviços de caráter público, tais como: Organizações Não-governamentais – ONGs, instituições religiosas, clubes de serviços, entidades beneficentes, centros sociais, organizações de voluntariado etc[2]. Rubens Naves (in PINSK, 2003) destaca a filantropia e os movimentos sociais, aos quais se somaram as ONGs, como sendo as três fontes que deram origem à organização do terceiro setor.

No Brasil as ações voltadas para o Terceiro Setor ganham relevância, principalmente na década de 1990, que culminou com a consolidação do marco regulatório, representado pela Lei 9.790/99.

Ainda no âmbito da atuação social, nota-se um aumento, também, em fins dos anos 1990, das ações de responsabilidade social empresarial – RSE, que se traduzem na forma como uma instituição conduz suas atividades de maneira que se torne co-responsável pela sustentabilidade da sociedade. Quando aplicada de modo consistente, permeia a pesquisa científica, a extensão, a gestão responsável do negócio, a adoção de um comportamento ético junto aos seus grupos de interesse etc., o que diferencia suas iniciativas da simples filantropia, na qual predomina a prática assistencialista[3].

A responsabilidade social tem sido cada vez mais requerida por consumidores e pela sociedade civil, bem como pelo avanço da legislação, principalmente nos países mais desenvolvidos.

O aumento da ênfase na responsabilidade social empresarial vem aproximando o tema da noção de sustentabilidade, a qual visa compatibilizar a eficiência econômica com a ambiental e a social, dentro de uma perspectiva de construção do futuro para as empresas e a sociedade em geral. Diversas têm sido as orientações nesse sentido, com destaque para o Relato Setorial do BNDES (2000) e o Instituto Ethos. Essa articulação é denominada de visão triple botton line.

Basicamente, a sustentabilidade se inseriu na agenda dos países a partir da década de 1960. Desde então, diversos têm sido os movimentos no sentido de torná-la prioridade de governos e de empresas. O estudo denominado Limites do Crescimento, do Clube de Roma, a 1ª Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, realizada em Estocolmo em 1972, o relatório Nosso Futuro Comum, lançado pela Comissão Brundtland, da ONU, na década de 1980, a realização da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em 1992 e a proposição do Protocolo de Kyoto em 1997, são considerados marcos importantes na criação de uma consciência mundial e na proposição de ações efetivas para o desenvolvimento sustentável[4].

*Diretor da Plurimus Consultoria.
Notas

[1] Conforme França Filho (2002) o termo Terceiro Setor é predominantemente adotado a partir de uma herança anglo-saxônica, impregnada pela idéia de filantropia, principalmente nos Estados Unidos da América.
[2] Mais informações sobre o Terceiro Setor podem ser obtidas em www.filantropia.org.br, www.rits.org.br e www.terceirosetor.org.br, entre outros.
[3] Uma definição mais ampla para responsabilidade social empresarial é citada por Dallabrida (in: SOUZA, 2005), que a entende por uma “obrigação da administração de tomar decisões e ações que contribuirão para o bem-estar e para os interesses da sociedade e da própria organização”.
[4] Conforme a publicação RSE na Mídia: pauta e gestão da sustentabilidade.

Bibliografia

ETHOS, Instituto de empresas e responsabilidade social. RSE na Mídia: pauta e gestão da sustentabilidade. São Paulo, 2007.
FRANÇA FILHO, Genauto Carvalho de. Terceiro Setor, Economia Social, Economia Solidária e Economia Popular: traçando fronteiras conceituais. Bahia, Análise & Dados. Salvador, SEI, volume 12, no 1, pag 9-19, junho 2002.
PINSKY, J. & PINSKY, C.B. (orgs.). História da Cidadania. 2ª. Ed. São Paulo: Contexto, 2005.
Relato Social no 2 – Balanço Social e Outros Aspectos da Responsabilidade Social Corporativa. www.bndes.gov.br/conhecimento/relato/social02.pdf.
RIFKIN, Jeremy. O Fim dos Empregos. São Paulo: Makron Books, 1995.
SOUZA, Vanessa S. Fraga de; SAMPAIO, Carlos Alberto Cioce. Rev. Adm. Pública, Rio de Janeiro, v. 40, n. 3, 2006, disponível em http://www.scielo.br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S0034-76122006000300005&lng=es&nrm=iso.

2 comentários:

Simone Amorim disse...

Parabéns, está bacana a página!Beijo, Simone

Anônimo disse...

Quero estar ativo e incluido economicamente no processo produtivo do seu blog. Adorei.
Osvaldo.