Economia, Cultura e Criatividade
Simone Amorim*
Tema muito discutido
atualmente, talvez por conta da efervescência do momento de grandes
expectativas de investimentos na cidade do Rio de Janeiro, a Economia Criativa
tem despertado interesse de pesquisadores, empreendedores e até atenção
especial do Estado. Como todo novo termo que “cai na boca do povo” são
necessários esclarecimentos, já que por vezes ele tem sido confundido como
sinônimo de Economia da Cultura.
A chamada
Economia Criativa é aquela composta pelas indústrias criativas, isto é, todos
os empreendimentos que têm como matéria-prima a criatividade, a imaginação e a
inovação, não se restringindo a produtos, serviços ou tecnologias, mas englobando
também processos, modelos de negócios e modelos de gestão.
Já Economia da
Cultura, poderíamos definir de forma bastante resumida e superficial, é aquele
segmento da economia que se ocupa especificamente das atividades organizativas
– e produtivas – em torno da Cultura. Seus bens, equipamentos, atividades etc.
Dada a
abrangência dos conceitos, a tendência é designar, separadamente, “Indústrias
Criativas” e “Indústrias Culturais”, com a finalidade de deixar claro o
significado e conteúdo de cada expressão. É sutil a diferença, principalmente
porque os bens de cultura pressupõem criatividade, e não necessariamente tudo
que é produzido pelas indústrias criativas pode ser caracterizado como um
produto cultural, no sentido mais específico do termo.
Neste caso
teríamos que ter em mente uma definição bastante consensual do que se entende
por Cultura – e aí, os especialistas no tema concordarão que estamos longe de
chegar a um consenso. O mais próximo que chegamos disso é adjetivar o campo
formulador do conceito, assim temos o conceito sociológico de cultura, o antropológico,
a perspectiva das políticas culturais etc.
Em resumo, o
campo da criatividade abarcaria o design, a publicidade, a moda, os jogos
eletrônicos etc. nesse sentido o jingle de uma propaganda, um website
de relacionamento, uma mostra de design de mobiliário de baixo custo, ou
ambientalmente alternativo, etc. são exemplos das indústrias criativas. Já as
indústrias culturais (o termo não é muito comum, apesar de ser utilizado por
alguns autores, justamente por pressupor que as atividades em trono da cultura
não são 100% adaptáveis à lógica produtiva) seriam compostas pelos museus, o
cinema, os eventos de cultura local nas comunidades como Folia de Reis,
Carnaval, as festas católicas etc. Essas atividades geram emprego, movimentam
recursos e mobilizam público e por muito tempo foram desconsideradas pela
economia até que se percebeu que são responsáveis por parte considerável do PIB
dos países.
O histórico do
termo e uma reflexão aprofundada do assunto podem ser pesquisados em duas boas
obras de referência disponíveis em português: A Economia da Cultura, da
economista francesa Françoise Benhamou e Economia da Cultura e
Desenvolvimento Sustentável, da Administradora brasileira, Ana Carla
Fonseca Reis.
Esperamos que o
Rio de Janeiro não perca a oportunidade de aproveitar a boa maré de
investimentos e além de atrair muitos criativos para a cidade, ainda consiga
estruturar o segmento cultural de forma
a contribuir com o desenvolvimento econômico e social da cidade.
*Gestora
cultural, mestre em bens culturais e projetos sociais
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