quinta-feira, 12 de março de 2009

Cidadania

Resultado de nossa enquete: as iniciativas da sociedade civil, tais como o Fórum Social Mundial - FSM contribuem de fato para uma mudança na relação política entre o Estado, a iniciativa privada e a sociedade civil?

Sim. A pressão que esses eventos exercem começa a mudar as relações internacionais, fortalecendo a participação dos movimentos sociais nas decisões políticas 60%

Não. A mídia reproduz o pensamento único, que predomina em eventos como o Fórum Econômico Mundial – FEM de Davos, contribuindo para uma baixa politização da sociedade 19%

De um modo geral, a sociedade civil mundial está alheia a tais movimentos políticos, uma vez que os interesses individuais têm predominado 21%



NOSSA OPINIÃO


O resultado de nossa enquete nos leva a algumas considerações que expressam tanto a insatisfação em relação a conjuntura atual, quanto à descrença na possibilidade de mudança desta. No primeiro caso, a insatisfação se manifesta no entendimento de que a mobilização da sociedade civil, ou seja, a articulação coordenada dos espaços de poder que não compõem o Estado stricto sensu como movimento sindical, associações de classe, organizações religiosas etc., tem condições de exercer poder de pressão sobre a forma de se conduzir a coisa pública. Nesse sentido, os 60% que assim entendem, compreendem que a sociedade civil, em sua atuação política, organiza o poder sob nova perspectiva ao compor, desse modo, a concepção de um Estado ampliado.

Não podemos deixar de observar, contudo, o outro aspecto do resultado da enquete. Consideremos o fato dos 19% responderem que a ação da sociedade civil não contribui para mudar as relações sociopolíticas, o que indica a descrença na própria política, ou a despolitização da política. Nesse caso, a situação se torna mais grave quando colocamos nesse mesmo rol de pensamento os 21% que compreendem a sociedade alheia a esse tipo de movimento político, alegando a prevalência dos interesses individuais.

Levando em consideração que o cenário no qual tais argumentos se sustentam foram consolidados ao longo dos anos 90, momento em que a hegemonia neoliberal se afirmou, o Estado stricto sensu deveria se constituir como mínimo e a atuação da sociedade civil corresponderia a uma superação natural de relações políticas "arcaicas". Mas, paradoxalmente, limitadas ao valor mercadológico que, ao serem naturalizadas, compuzeram os padrões dos comportamentos norteadores das relações no campo social.

Entretanto, o esgotamento desse discurso, ao ser confrontado pela crise do modelo neoliberal, conferiu uma mudança de olhar dos 60% daqueles que responderam a enquete ao rediscutirem “nova” possibilidade de inserção no jogo político do poder.

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