quinta-feira, 25 de junho de 2009

Sustentabilidade


Empreendedorismo e sustentabilidade


Celso Evaristo Silva*

A ideia já foi conflitante. Quando se trata de falar sobre empreendedorismo e sustentabilidade, as pessoas (empresários, principalmente) tendiam a pensar que uma coisa anulava a outra. Contudo, as preocupações com a questão social e especificamente com o meio-ambiente se tornaram mais fortes nas duas últimas décadas.

Há quase consenso de que, no tempo presente, existem pelo menos 3 grandes desafios inadiáveis: a busca de soluções para questão ambiental, a inclusão social de populações inteiras e a formulação de padrões de desenvolvimento econômico compatíveis com a sustentabilidade das duas questões anteriores.

O crescimento econômico às custas da concentração de riquezas por parte dos grandes conglomerados corporativos baseados nos países centrais e a agressão ao meio ambiente provocada pelo estilo de consumo desses países são, com certeza, o caminho mais curto para a catástrofe do planeta.

Quem ainda pensa que o crucial é fazer a economia atingir altas taxas de crescimento sem levar em conta os aspectos social e ambiental não se deu conta das profundas contradições atingidas pelo sistema capitalista. Ganhar dinheiro a qualquer custo pode ainda ser o paradigma confesso ou inconfesso de muitos (empreendedores e/ou empresas), mas o tempo histórico desta mentalidade já se esgotou, mesmo quando não tenhamos consciência desse fato.

O empreendedorismo nos dias de hoje exige compromisso ético com a qualidade e com a sustentabilidade sócioambiental de qualquer projeto, de qualquer serviço, de qualquer iniciativa, seja ela oriunda do campo privado, da esfera estatal ou trabalho desenvolvido por organização não governamental.

Não faz mais sentido termos como modelo de agente empreendedor a pessoa – física ou jurídica – alienada dos desafios acima resumidos; focada apenas no objetivo compulsivo de acumular capital e bens, utilizando-se para isso das melhores tecnologias de gestão e organização do trabalho.

O próprio sistema, através das graves consequências provocadas pela atual crise, nos alerta para os riscos decorrentes da manutenção de sua perversa dinâmica acumulativa, baseada na especulação financeira, no consumo desenfreado e na relativização dos comportamentos éticos.

Sob a égide das mudanças, um novo modelo de empreendedorismo está sendo forjado. Cabe a nós, protagonistas do tempo histórico presente, dar-lhe forma, substância e sentido humano.

*Administrador, Sociólogo e Professor

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